Auditores fiscais tributários de todos os estados do País e do Distrito Federal estão reunidos, em Brasília, para o movimento Ocupa Brasília, contra as reformas que o Brasil precisa.

O ato em favor das eleições diretas pede a suspensão da votação das Reformas da Previdência e Trabalhista e a saída do presidente Michel Temer.

Desde às 14h, os servidores estarão reunidos ao lado da Catedral, de onde sairão em marcha até o Congresso Nacional.

Segundo Charles Alcantara, presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (FENAFISCO) - entidade que reúne mais de 35 mil auditores e fiscais tributários em todo o País -, o Ocupa Brasília teria o objetivo de alertar a sociedade sobre a grave crise política e o ‘risco’ de o Congresso Nacional seguir com as reformas. “Estamos vivendo uma grave ameaça ao regime democrático.

Os parlamentares não têm condições de avançar em temas tão importantes diante de tanta insegurança e dúvida.

O povo brasileiro tem o direito de escolher um novo representante.

Não pode permitir que o governo continue tomando decisões após as graves denúncias que estamos acompanhando, especialmente querer aprovar à toque de caixa reformas importantes como as da previdenciária e trabalhista”, alerta, defendendo que se rasgue a Constituição, uma vez que, passados dois anos de mandato, a Constituição reza que haja eleição indireta, justamente pelo Congresso. “A sociedade precisa ir às ruas manifestar apoio à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional nº 227/2016, que devolve ao povo brasileiro o poder soberano de eleger os seus representantes.

Precisamos alterar a Constituição Federal para evitar as eleições indiretas.

Os parlamentares não devem indicar alguém para assumir no lugar do Temer, mas, sim, o povo deve escolher.

Somente a aprovação dessa PEC promoverá as eleições diretas o mais rápido possível”, defendeu.

Com receio de perda de privilégios com as reformas, os servidores estão revoltados com os aliados de Temer.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a reforma da Previdência começará a ser votada no plenário da casa entre os dias 5 e 12 de junho.

No Senado, o presidente do PSDB e da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tasso Jereissati (CE), anunciou juntamente com o relator da reforma trabalhista, o tucano Ricardo Ferraço (ES), que o parecer do projeto será lido normalmente na comissão nesta terça-feira, 23, e que o calendário de tramitação da reforma está mantido. “A reforma não é uma questão de governo, mas de País.

Nosso compromisso é mostrar que estamos trabalhando normalmente e que os acontecimentos políticos independem do nosso trabalho.

Vamos trabalhar para dar seguimento ao processo de reforma”, afirmou Jereissati ao jornal O Globo.

De acordo com a agência sindical, sindicatos de Professores, Frentistas e Jornalistas, entre outros, também organizaram delegações.

Caravanas de todo o Brasil chegavam ontem à noite a Brasília. “De todos os Estados e dos mais diversos pontos do País, dirigentes, ativistas e trabalhadores da base mostravam entusiasmo e forte disposição de fazer do Ocupa Brasília um dia histórico para a classe trabalhadora e a democracia brasileira”, pregavam.

Os organizadores falavam em reunir mais de 100 mil trabalhadores. Às 18h20 de ontem (terça), Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação dos Trabalhadores em Alimentação (CNTA Afins) e coordenador do Fórum Sindical dos Trabalhadores, disse à agência sindical que só a CNTA levaria mil manifestantes.

No meio da tarde, em contato com os Metroviários de São Paulo, a diretoria dava conta de 11 ônibus prontos e de saída para a Capital Federal.

A Marcha a Brasília é coordenada de forma unitária por nove Centrais.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), antecipou à Agência que a Central deve marcar presença com 20 mil trabalhadores. “Já conversamos com o secretário de segurança pública de Brasília para os últimos acertos.

Faremos uma manifestação pacífica", afirma. “Estamos com uma estimativa de chegar à Brasília com cerca de 300 ônibus.

Nosso objetivo é a retirada dessas reformas que atacam violentamente os direitos dos trabalhadores”, diz Adilson Araújo, presidente da CTB.

O presidente da Nova Central do Estado de São Paulo, Luiz Gonçalves (Luizinho), disse que a entidade organizou 25 ônibus só de São Paulo. “Eles vão se somar aos ônibus de Osasco, Santos e outras cidades.

A Central pretende levar 10 mil pessoas a Brasília", conta o dirigente.