Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Ministros e líderes governistas na Câmara e no Senado repetem, orquestradamente, que “tudo transcorre normalmente”.
Temer está tranquilo e a sua base parlamentar coesa, dizem.
Mas os fatos, em profusão, mostram o contrário.
Ou seja, envoltos em tremendo mar de lama e sob terríveis ameaças, mentem na vã tentativa de enganar a sociedade e, talvez, a si mesmos.
Enquanto isso, nas coxias, a turma que realmente manda nos partidos governistas e ministros ungidos pelo Mercado, conscientes de que o governo não se sustentará, debatem a fórmula menos dolorosa da queda de Temer e buscam um nome que possa aglutinar, em eleições indiretas, a maioria necessária para fazer o novo presidente.
Segundo o noticiário, a alternativa preferida até o momento é a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, acrescida de um acordo para que Temer não recorra ao STF, nem seja preso.
Num cenário de incerteza e de tamanha imponderabilidade, essa trama encontra muitas dificuldades.
Envolve a anuência de muitos atores – do próprio Temer à grande mídia que o sustentava e não mais o sustenta -, esta em última instância manipulada pelo verdadeiro comando por trás das cortinas, o chamado Mercado (ou seja, o sistema financeiro, que aqui e mundo afora detém as rédeas).
Temer reluta em renunciar para que seu gesto não seja compreendido como uma “confissão de culpa” e ainda por cima perca o fórum privilegiado e se arrisque a uma desmoralizante prisão.
Deputados e senadores, liderados pelo PSDB, fazem o seu jogo sabendo que a credibilidade do parlamento se encontra perto de zero.
Entrementes, a crise econômica (e suas múltiplas consequências) segue adiante, como que “alheia” ao bate cabeças dos atores políticos.
As reformas trabalhista e previdenciária, convertidas a um só tempo em face mais evidente da agenda regressiva do governo Temer e principal fator de seu humilhante desempenho nas últimas pesquisas, continuam na prioridade da maioria parlamentar governista.
Alguém menos avisado, olhando à distância, bem que poderia caracterizar o cenário como de suicídio político coletivo.
De outra parte, as articulações Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular, as centrais sindicais (sobretudo a CUT e a CTB) e demais segmentos dos movimentos sociais, concentram a partir de hoje, em Brasília, a pressão contra as reformas antipopulares e pela aprovação da PEC 227, que viabiliza as eleições diretas agora.
Portanto, nada de normal, tudo em ebulição e de imprevisibilidade plena.