Após a revelação dos escândalos envolvendo o presidente Temer e dirigentes da empresa JBS, que tiveram delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, membros da base aliada chegaram a declarar publicamente que iriam paralisar a apreciação das reformas propostas pelo governo.
Mesmo assim, o governo Temer conseguiu avançar com as reformas no Senado.
A oposição estrilou e tentoiu sair no braço, mas sem sucesso. “Afundado em denúncias gravíssimas de corrupção e desmandos na administração pública, o governo do presidente não eleito Michel Temer (PMDB), por meio de seus aliados no Senado, atropelou, o regimento interno do Senado, ao dar como lido – sem efetivamente ler – o relatório da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE)”, comentou Humberto Costa. “O Palácio do Planalto, mesmo fragilizado, envolvido em diversas irregularidades e sem qualquer legitimidade, orientou a sua base aliada no Congresso Nacional a dar continuidade à apreciação das reformas.
Porém, enfrentou forte oposição durante a tumultuada sessão na CAE - presidida pelo tucano Tasso Jereissati (CE), também presidente do PSDB - que chegou a ser suspensa por cerca de 30 minutos devido a protestos da oposição contra o tratoramento do governo”. “O governo moribundo conseguiu dar um novo golpe no povo: aprovou, por 13 X 11, a leitura do relatório da reforma trabalhista na comissão.
Como esse governo zumbi tem legitimidade para mexer com direitos de milhões de brasileiros?
Temos de lutar para evitar a continuidade dessas reformas nefastas de um governo acabado aqui no Legislativo”, disse Humberto Costa. “A base do governo quer passar a falsa impressão de que está tudo bem no Brasil, sendo que o Palácio do Planalto não tem mais qualquer estabilidade para governar e parte da própria base já começa a romper com ele”. “Essa posição de votar a reforma trabalhista aqui na marra é ruim para quem quer aprovar a proposta.
O povo não aceita e aqui há discordâncias.
Estamos diante de uma crise política com essa dimensão e é um ato de insensatez tentar votar e discutir as mudanças na legislação trabalhista na marra”, disse. “A oposição queria apenas que o relatório do tucano Ricardo Ferraço (ES) não fosse lido hoje, diante do momento, mas houve flagrante desrespeito ao regimento quando a comissão o deu como lido – sem lê-lo’. “Houve uma série de erros, porque desrespeitaram o tempo mínimo de publicação do relatório, o tempo mínimo para ser divulgado previamente.
O próprio relator disse que seria deselegante da parte dele apresentar o texto antes de ouvir representantes da audiência pública que realizamos.
Porém, para nossa surpresa, o relatório já estava pronto ao fim da audiência”, comentou. “Não há o menor clima para aprovar uma proposta como essa, que vai aumentar a precarização do mercado de trabalho brasileiro e desempregar ainda mais.
Temos de deixar claro que não é a legislação trabalhista que dificulta a retomada do crescimento.
O argumento que aumentaria o emprego é pífio”, afirmou.