Mais cedo, o Blog de Jamildo antecipou que o projeto tem potencial para dividir a bancada governista, considerando que muitos dos vereadores da base tem orientação evangélica e se posicionam contra o tema.

As galerias tão lotadas.

A guarda tá dividindo um lado pra bancada evangélica e o outro um lado pra o público LGBT.

A informação de bastidores é que o projeto só tem 17 votos e isso não é suficiente pra passar.

Teria que ter algo entre 23 votos.

A votação começou ainda há pouco.

A irmã Aimée Carvalho votou contra o Projeto de Lei do Executivo 60/2013, que pede a criação do Conselho Municipal de Políticas Públicas LGBT.

Para a vereadora, a criação do conselho é uma questão política. “Entendo que, politicamente, a criação deste conselho é viável para muitos dos que estão aqui.

No entanto, precisamos enxergar além da política partidária e exclusivista e pensarmos no povo do Recife como um todo, que não merece ter mais esse inchaço na estrutura municipal”, afirmou. “O meu posicionamento não tem absolutamente nada a ver com a minha confissão de fé.

Falo como vereadora e cidadã desta cidade, enquanto pessoa pública”, destacou ao iniciar seu discurso. “Na Câmara do Recife, represento os interesses da nossa sociedade como um todo.

Não legislo em causa própria”, disse. “Seja hétero ou homossexual, a Constituição já garante o direito à inviolabilidade da vida privada.

A criação de um conselho para garantir isto é absolutamente redundante e dispensável, soando, até mesmo, inconstitucional”, destacou a parlamentar em seu pronunciamento. “Faço parte da base aliada da atual gestão e tenho trabalhado em parceria com a mesma em uma série de aspectos.

Apesar disto, não posso concordar com a criação deste conselho”, pontuou.

A irmã Aimée também destacou que, em dezembro do ano passado, a Câmara de Vereadores concordou com o pedido de autorização para mudar a estrutura administrativa da prefeitura, reduzindo de 24 para 15 as secretarias municipais, um corte de gastos. “A criação de mais um conselho onera o erário público com o pagamento de diárias para viagens, por exemplo”, argumentou. “Temos na estrutura do município as Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos e a Secretaria de Governo e Participação Social, que já abraçam a causa defendida pela população LGBT”, destacou. “Se já temos secretarias trabalhando o tema, entendo que a criação de um conselho somente incharia os quadros”, conclui a vereadora.

Como vai ser?

O Conselho Municipal de Políticas Públicas LGBT será paritário, com representantes da sociedade civil e do setor público, e vai ter como objetivo propor, deliberar e acompanhar projetos voltados para garantir a cidadania desse segmento da população e combater a LGBTfobia. “Serão pessoas que conhecem o cotidiano do preconceito, da discriminação e da violência praticados contra quem tem uma orientação sexual ou identidade de gênero diferente da maioria.

Eles sabem, melhor do que ninguém, o que deve ser feito para que, em uma escola por exemplo, as crianças e jovens não sofram bullying desde cedo por isso.

Esse tipo de situação cria danos físicos e psicológicos que, muitas vezes, são levados para o resto da vida”, disse o vereador Jayme Asfora.

Asfora explica que esse tipo de Conselho já funciona em cidades como Maceió, Teresina, Florinópolis, São Paulo, entre outras. “As especificidades de algumas populações mais vulneráveis precisam receber atenção especial.

A pauta dos Direitos Humanos hoje segue esse princípio.

Somente este ano, 117 pessoas já foram assassinadas no Brasil por causa desse tipo de preconceito.

No ano passado, foram 343 assassinatos.

São números que mostram que ainda temos uma longa estrada de lutas a percorrer.

A criação do Conselho vai representar um avanço importante nesse processo”, disse.