Durante evento no Palácio do Campo das Princesas na tarde desta segunda-feira (22), o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) defendeu que não houve irregularidades na campanha do governador Paulo Câmara em 2014. “A gente fez a solicitação de recursos legais, doações conforme a lei.
Essas doações não foram feitas ao PSB de Pernambuco, nem à campanha do governador Paulo Câmara e o próprio depoente afirma que não houve troca de favores, então é absurdo falar em propina e isso tá reconhecido pela representação da procuradoria-geral da República e pelo próprio STF que não cita o nome de Paulo Câmara, nem o meu nome”, disse Geraldo.
Na última sexta (19), foram divulgados os vídeos das delação dos donos da JBS e em um dos depoimentos, o diretor da empresa, Ricardo Saud, afirma que Geraldo e Paulo teriam negociado propina para a campanha de Eduardo Campos à presidência da República e após a morte do ex-governador, Paulo teria recebido propina para sua campanha.
O prefeito do Recife ainda classificou a acusação de Saud como “absurda e inaceitável”. “Tudo vai ser devidamente esclarecido e não há nenhum tipo de irregularidade na campanha de Paulo Câmara em 2014”, ressaltou o socialista.
Cabe ressaltar que, em Petição (7.003) requerida pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e acatada pelo ministro Edson Fachin, que trata da delação da empresa JBS, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito Geraldo Julio, ambos do PSB, não são citados.
A decisão de Fachin não determina a abertura de inquérito e nem determina encaminhamentos a órgãos do MP e do Poder Judiciário.
Nesta segunda-feira, políticos de oposição cobraram respostas ao prefeito e ao governador do Estado. “O governador de Pernambuco, o prefeito do Recife e a direção do PSB devem explicações à sociedade pernambucana sobre esse encontro e sobre a afirmação de que teriam sido enviados R$ 1 milhão para a campanha do então candidato Paulo Câmara”, cobrou Silvio Costa Filho.
Entenda o caso Em delação premiada, o diretor da JBS Ricardo Saud afirma ter negociado propina para as campanhas de Eduardo Campos, falecido em 2014, e Paulo Câmara, ambos do PSB.
Ainda de acordo com o delator, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o governador Paulo Câmara e um homem chamado Henrique, eram mandados por Eduardo para tratar de propina. “Exatamente no dia que ele faleceu [Eduardo], eu estava com o Henrique que era a pessoa dele que ele mandava… Ou o Henrique, ou o Paulo Câmara ou o Geraldo Julio para ir lá tratar da propina”, afirma Saud.
O delator contou ao Ministério Público Federal (MPF) que foi procurado por Geraldo Julio, após a morte de Eduardo, pedindo para que fosse honrado o pagamento do que havia sido negociado com Eduardo. “Com a morte do Eduardo, o Paulo e o Geraldo me procurou e disse que tinha que honrar o pagamento para ganhar a eleição em Pernambuco em homenagem a Eduardo”, disse Ricardo Saud. “Aí chegamos ao meio termo de pagar o total e ainda dar uma propina ao Paulo Câmara em dinheiro vivo lá em Pernambuco”, completou.
Assista a delação de Ricardo Saud: Ricardo Saud afirma que trabalhava com propinas para três campanhas de candidatos à Presidência em 2014: a de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Na delação, Ricardo afirma que estava empolgado com o pernambucano, pois era “um cara novo, de futuro”. “A gente estava trabalhando com a Dilma, com propinas para Dilma, com o Aécio e com o Eduardo Campos e estávamos muito empolgados com a candidatura do Eduardo, estivemos com ele, o Paulo Câmara o Geraldo Julio.
Um cara novo de futuro e decidimos investir nele e colocamos um limite para iniciar.
Disse a ele: nós vamos deixar 15 milhões de propina, se você começar a crescer a gente vai te alimentando, melhorando isso aí e depois a gente acerta se você ganhar.
E isso foi feito”.
O delator conta que Eduardo indicou o Henrique e o dono da JBS, Joesley Batista, indicou o próprio Ricardo para tratar de valores para o socialista.
Respostas No mesmo dia em que os vídeos foram divulgados, Paulo e Geraldo lançaram notas repudiando as denúncias; confira: Paulo Câmara Foto: José Cruz/ Agência Brasil “Venho repudiar, veementemente, a exploração política do depoimento do delator Ricardo Saud, que, já antecipo, não corresponde à verdade.
Não recebi doação da JBS de nenhuma forma.
Nunca solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores.
Tenho uma vida dedicada ao serviço público.
Sou um homem de classe média, que vivo do meu salário.
Como comprovará quem se der ao trabalho de ler o documento que sintetiza a delação, o próprio delator afirma (no anexo 36, folhas 72 e 73) que nas doações feitas ao PSB Nacional “não houve negociação nem promessa de ato de ofício”, o que significa que jamais houve qualquer compromisso de troca de favores ou benefícios.
Desta forma, é completamente descabido o uso de expressões como “propina” ou “pagamento”.
Reafirmo a Pernambuco e ao Brasil que todas as doações para a minha campanha foram feitas na forma da lei, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
Paulo Câmara Governador de Pernambuco Geraldo Júlio Foto: Rodrigo Lobo/Acervo JC Imagem “Diante da menção ao seu nome por um dos delatores da JBS, divulgada hoje pela imprensa, o Prefeito Geraldo Julio repudia veementemente as acusações e esclarece que nunca tratou de recursos ilegais com essa empresa ou com qualquer outra.
O próprio documento divulgado pela justiça registra que as doações feitas a campanha nacional do PSB não foram por troca de favores.
Todas as doações recebidas pelo partido foram legais.” Geraldo Julio Prefeito do Recife