O presidente da República, Michel Temer (PMDB), decidiu fazer um novo pronunciamento na tarde deste sábado (20) sobre os áudios e delações dos donos da JBS que o denunciam. “O País não saíra dos trilhos, eu seguirei à frente do governo”, disse o peemedebista no Palácio do Planalto.
A crise está instalada no governo desde a última quarta-feira (17), quando foram divulgados trechos das gravações dos donos da JBS, em que Temer teria dado aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB).
Temer fez questão de afirmar que os áudios foram manipulados com intenção de prejudicar seu governo. “Li notícia da Folha de S.
Paulo de que perícia constatou que houve edição do áudio de minha conversa com Joesley Batista.
Essa conversa clandestina foi manipulada e incluída em inquérito sem a devida e adequada verificação, induzindo ao engano”, ressaltou o presidente.
Temer ainda disse que já entrou com petição para suspender o inquérito contra ele no STF até que seja verificada a autenticidade da “gravação clandestina”. “O autor do grampos está livre e solto andando pelas ruas de Nova Iorque.
Ele não foi julgado, não foi punido e cometeu o crime perfeito.
Graças a essa gravação, se especulou contra a moeda nacional e seguramente foi vazada por gente ligada ao grupo que antes de entregar comprou de dólares”, disse.
Assista ao pronunciamento de Temer: “Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos e incluída no inquérito sem a devida verificação e trouxe grave crise para o País.
Por isso, no dia de hoje, estamos com petição no STF para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina”, disse, Temer.
Temer ressaltou algumas recentes notícias positivas na economia, como a queda da inflação e dos juros, a criação de empregos e a liberação de R$ 40 milhões das contas inativas do FGTS, e disse que é preciso que Brasil continue no caminho de saída da recessão. “O Brasil exige que se continue no caminho da recuperação econômica que traçamos.
Estamos completando as reformas para modernizar o Estado brasileiro.” O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin divulgou, nesta semana, o áudio do encontro entre o empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, e o presidente Michel Temer.
A divulgação foi feita após a decisão do ministro, que retirou o sigilo dos depoimentos de delação do empresário.
O áudio tem cerca de 40 minutos.
Na conversa, Temer e Batista conversam sobre o cenário político, os avanços na economia e também citam a situação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi preso na Operação Lava Jato, por volta dos 11 minutos.
Ouça o áudio: DENÚNCIA CONTRA TEMER Na última quarta, o jornal O Globo publicou reportagem, segundo a qual, em encontro gravado, em áudio, pelo empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro para que esses ficassem em silêncio.
Batista, conforme a reportagem, firmou delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e entregou gravações sobre as denúncias.
Além, do áudio, há um depoimento de delação premiada prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR), o diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F (holding do grupo JBS), Ricardo Saud, afirmando que o recebeu R$ 15 milhões em vantagens indevidas para a campanha à Vice-Presidência em 2014 e para atuar em favor do grupo empresarial.