As notícias divulgadas pela imprensa de que o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) estariam envolvidos em práticas ilícitas repercutiram na Reunião Plenária da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), dessa quinta-feira (18).

O tema foi debatido pelos deputados Teresa Leitão (PT), Sílvio Costa Filho (PRB), Priscila Krause (DEM), Terezinha Nunes (PSDB), Tony Gel (PMDB) e Romário Dias (PSD), que apontaram para a necessidade de se preservar as instituições e a democracia neste momento de instabilidade política.

Os fatos comentados vieram à tona após o jornal O Globo divulgar, na última quarta-feira (17), que executivos da empresa JBS teriam, em acordo de delação premiada, apresentado à Justiça gravações que incriminariam os políticos.

Na noite dessa quinta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou o áudio da gravação em que o presidente compra o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Já sobre o senador Aécio Neves, um vídeo mostra o parlamentar pedindo R$ 2 milhões ao dirigente da JBS para o pagamento de advogados.

A deputada Teresa Leitão foi a primeira a se pronunciar.

Na ocasião, a petista defendeu o afastamento do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas para escolha do sucessor. “Precisamos exigir a irrestrita apuração dos fatos denunciados e dizer que Temer não tem condições de governar o Brasil”, disse.

E acrescentou: “Não dá para aceitar que esse Congresso, que sequer foi eleito para aprovar as profundas reformas hoje em discussão, eleja um presidente”, completou.

Teresa voltou a questionar a constitucionalidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e mostrou-se preocupada com a defesa da democracia.

Já o líder da Oposição, o deputado Sílvio Costa Filho avaliou o momento político “como o mais difícil” de sua geração.

Assim como a petista, o parlamentar também defendeu a saída do presidente e a convocação de eleições diretas. “A situação de Temer é insustentável.

Um novo processo de impeachment, no entanto, seria muito ruim neste momento.

O melhor caminho seria a renúncia”, avaliou. “Defendo as eleições diretas porque, só através do voto popular, o Brasil fortalecerá sua democracia”, justificou.

A democrata Priscila Krause disse questionou a legitimidade do Congresso. “Questiona-se a legitimidade do Congresso, mas ele foi constitucionalmente eleito.

Temos o dever de preservar as instituições democráticas”, posicionou-se.

Krause voltou a defender a constitucionalidade do impeachment de Dilma Rousseff. “Temer assumir a presidência foi uma saída constitucional que não deu a ele imunidade.

Não podemos, no entanto, achar que esse fato que o envolve agora absolve erros anteriores”, avaliou.

Para a parlamentar, as consequências da instabilidade política no mercado “é um preço que teremos que pagar”.

Para Terezinha Nunes, “não fazer eleições indiretas, conforme determina a Constituição, significa dar um golpe no País”.

A tucana pediu ponderação da sociedade e da classe política e defendeu a continuidade das investigações. “Se o presidente do meu partido tem culpa, que seja preso.

O PSDB nunca acolheu corrupto; é um partido responsável, que deu sustentação ao Governo Temer na ocasião do impeachment e que defende as reformas em nome do País”, salientou.

O deputado Tony Gel cobrou um pronunciamento de Michel Temer sobre a questão. “Se realmente há culpa, que o presidente, em horário nobre, dirija-se à nação e diga a verdade.

O Brasil precisa continuar”, afirmou.

Para o parlamentar, o fato de as últimas denúncias envolverem políticos de diferentes partidos mostra a imparcialidade das investigações em curso. “O Brasil já passou por problemas diversos em sua história, mas nunca perdemos a esperança.

Tenho certeza de que vamos vencer mais essas dificuldades”, afirmou.

Por fim, o deputado Romário Dias, que presidiu a sessão desta quinta, defendeu mudanças nas regras eleitorais. “Nós vivemos um momento de grave crise e, antes de fazer qualquer reforma econômica ou da Previdência, é preciso que façamos uma reforma política”, analisou, posicionando-se favoravelmente à convocação de eleições diretas. “O Congresso envergonha a nação brasileira”, concluiu.