O marqueteiro João Santana divulgou nesta quarta-feira uma nota repudiando a entrevista do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao GLOBO e classificando as afirmações de Cardozo como “grotescas e absurdas”.
João negou haver qualquer contradição nos depoimentos seu e de sua mulher, Mônica Moura.
Na entrevista, Cardozo, apontado pela empresária Mônica Moura como responsável por ter informado à presidente cassada Dilma Rousseff sobre a prisão da empresária e do ex-marqueteiro do PT João Santana, disse que as delações do casal apresentam contradições que desacreditam o depoimento. » Cardozo aponta contradição em delação de João Santana e Mônica Moura Santana reafirma que soube, pela ex-presidente Dilma, que “a prisão seria iminente” e sustenta a veracidade do e-mail em que teria sido alertado disso, apresentado pelo casal em sua defesa. “Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados: se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S.
Domingos?”, diz João. “ Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada?”, comenta João.
O marqueteiro também reputa declarações de Cardozo, que disse ser “inverossímil” a informação dos marqueteiros de que Dilma recebeu caixa 2 fora do Brasil. “João Santana recebeu R$ 70 milhões declarados por uma campanha eleitoral. É muito dinheiro para ter esse caixa 2”, disse o ex-ministro da Justiça.
O marqueteiro contestou a fala do ex-ministro. “Com relação ao Caixa-2, o advogado Cardozo insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma (…).
Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirma.
Segundo João, Cardozo disse na entrevista, “de forma enviesada”, que haveria um espécie de acordo tácito entre ele e Marcelo Odebrecht para misturar caixa 2 das campanhas do exterior com a campanha de Dilma. “É uma mentira deslavada: nos nossos depoimentos está bem discriminado o que são campanhas do exterior e campanhas do Brasil”, afirmou João.
Leia na íntegra a nota de João Santana: A grotesca e absurda entrevista do advogado José Eduardo Cardozo ao Globo faz-me romper o compromisso - que tinha comigo mesmo - de somente tratar dos termos das colaborações, minha e de Mônica, no âmbito da Justiça.
Desta forma, digo de forma sucinta (e reservo detalhes para momentos apropriados): 1.
Não há nenhuma contradição naquilo que Mônica e eu afirmamos sobre as informações recebidas, em fevereiro de 2016, a respeito de nossa prisão iminente.
Quando disse que soube da prisão pelas câmeras de segurança de minha casa - acessadas por computador desde a República Dominicana - referia-me ao óbvio: foi naquele momento, na manhã do dia 22 de fevereiro, que eu vi, de fato e realmente, a prisão concretizada. 2.
Antes, sabíamos, por informações da presidente Dilma, que a prisão seria iminente.
Seu último informe veio no sábado, em e-mail redigido com metáforas, cuja cópia está anexada aos termos da nossa colaboração. 3.
Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados : se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S.
Domingos? 4.
Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada ? ( A Polícia Federal chegou a esse detalhe através de investigação feita na época). 5.
Com relação ao Caixa-2, o advogado Cardoso insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma, de que o “altíssimo custo” oficial da campanha seria uma prova vigorosa de que não houvera “pagamentos não contabilizados”.
Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas. 6.
Diz, também, de forma enviesada que haveria um espécie de acordo tácito entre eu e Marcelo Odebrecht para misturar caixa dois das campanhas do exterior com a campanha de Dilma. É uma mentira deslavada : nos nossos depoimentos está bem discriminado o que são campanhas do exterior e campanhas do Brasil. 7.
De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014.
Pra cima de mim, José Eduardo? 8.
Para finalizar, afirmo que as únicas vezes que menti sobre a presidente Dilma - e isso já faz algum tempo - foi para defendê-la.
Jamais para acusá-la.
Lamento por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando.
A vida nos impõe momentos e verdades cruéis.
JOÃO SANTANA