Segundo publicação do jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira (17), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, dono da JBS.

O jornal afirma que as informações fazem parte de uma delação de Joesley que ainda não foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O depoimento do empresário foi dado à PGR (Procuradoria-Geral da República) em abril e, no dia 10 passado, o conteúdo foi comunicado ao ministro do Supremo Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.

Joesley teria entregado um áudio à PGR em que o tucano pede a quantia, sob o pretexto de pagar as despesas com sua defesa na Operação Lava Jato.

Segundo a reportagem, Aécio e Joesley se encontraram no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo.

O diálogo gravado durou cerca de 30 minutos.

Na gravação obtida pelo colunista Lauro Jardim, o tucano afirmou que iria contratar o criminalista Alberto Toron para defendê-lo na Lava Jato.

O nome do advogado já havia sido citado à Joesley, anteriormente, por Andréa Neves, irmã e braço-direito do senador.

O jornal detalha como foi o diálogo.

Joesley pergunta como poderia fazer a entrega das malas com os valores. “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar.

Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, propôs o empresário.

O senador respondeu: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação.

Vai ser o Fred com um cara seu.

Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara.

E você vai me dar uma ajuda do caralho”.

Aécio indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro.

Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014.

Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores.

Foram quatro entregas de R$ 500 mil cada uma.

A PF filmou uma delas.

No material que chegou às mãos de Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, na última semana, segundo Lauro, a PGR diz ter elementos para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogado algum.

As filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte.

Ele foi seguido pela PF durante as três viagens.

As investigações da PGR revelaram que o dinheiro não era para advogado.

O assessor negociou para que os recursos fossem parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.