Por Fernando Holanda, especial para Blog de Jamildo.
A quem interessa a falta de transparência?
Por que não se explica detalhadamente aos cidadãos como está sendo usado o dinheiro público?
Essas são questões inevitáveis quando se constata que a corrupção é uma constante na vida política do Brasil.
De acordo com o estudo anual da Transparência Internacional, o país fechou o ano de 2016 ocupando a 76a. posição no ranking dos 176 países mais confiáveis do mundo.
O estudo considera a percepção que a população tem sobre a corrupção entre servidores públicos e políticos, que é excelente na Dinamarca e na Nova Zelândia e péssimo em países como a Somália.
Infelizmente, a má impressão que os brasileiros têm sobre a corrupção tem motivos bem claros.
Vão dos escândalos milionários de Brasília à escancarada compra de votos em municípios minúsculos.
Do mais mirabolante esquema de corrupção à mais elementar falta de transparência.
No Recife, não é diferente.
A recente tentativa dos Vereadores de aumentar o próprio auxílio-alimentação para absurdos R$ 4.595 é um exemplo disso. É que pouca gente sabe ao certo qual quanto custa o Legislativo Municipal.
E não sabe por que é difícil mesmo de saber.
Divulgado pelo Jornal do Commercio neste domingo, o levantamento feito pelo Ministério da Justiça aponta que a Câmara Municipal ocupa a última posição no ranking dos Portais da Transparência do país.
Não dá pra saber ao certo qual é o custo total de um Vereador, como foram usadas as verbas indenizatórias de cada gabinete, quem esteve presente em cada sessão.
Alguns dados até estão disponíveis, mas são difíceis de encontrar e de compreender. É a tal transparência para inglês ver.
Enquanto isso, a Casa segue custando seus 150 milhões de reais em 2017, valor que simplesmente dobrou nos últimos 10 anos.
Já está mais do que na hora de se discutir o financiamento do Legislativo Municipal.
Aplicar em Educação e Saúde os 5,8 milhões que são gastos só com comida e transporte de Vereador.
Tem coisa que pode ser feita imediatamente, como a extinção do auxílio-paletó (sim, ele ainda existe) e o congelamento do duodécimo, propostas que já estão tramitando na Câmara.
Com um pouquinho de lisura e bom senso, os Vereadores do Recife podem dar um bom exemplo de Transparência para o restante do Brasil.
Basta querer (o que parece estar bem difícil).