Por Jefferson Paz, erm artigo enviado ao Blog de Jamildo A família Pereira, responsáveis por idealizar os primeiros festejos juninos de Caruaru nos anos de 1972 e 1973, e as irmãs Lyras, responsáveis pela continuidade da tradicional festa de rua, certamente não imaginava que estava dando o ponta pé inicial para a maior e melhor festa de São João do Brasil.
Desde que o Poder Executivo Municipal tomou para si a responsabilidade da realização do evento, por volta dos anos de 1990, a festa foi crescendo, estruturando-se e modernizando-se mais e mais todos os anos.
Comidas gigantes, festival de quadrilhas, palhoças nos bairros e muito forró abrilhantam nossa festividade.
A partir dos anos de 2000, o São João de Caruaru ganha o “status” de Maior e Melhor São João do Mundo.
No objetivo de atender todos os públicos e de todas as idades, acontecem as drilhas para os jovens dançarem o “novo forró” - forró estilizado.
Acontece o festival de fogueteiros e baloeiros para as famílias curtirem verdadeiros espetáculos de explosão de fogos em um ambiente seguro e agradável, e o palco principal completa a festa.
Toda essa movimentação começou atrair milhares de turistas, aquecendo e muito nossa economia e consolidando-se como o maior evento anual cultural e econômico do nosso município.
No entanto, nossa festa de São João por sua grandeza econômica e a força cultural não tem sido tratada com o respeito que merece e, sendo assim, precisa ser melhor pensada, planejada e executada.
No que ela foi crescendo, também foi desfigurando-se com uma forte invasão do sertanejo, encerramento de drilhas, encerramento do festival de fogueteiros etc.
Tornou-se uma “festa comum”, uma festa que qualquer cidade do país pode realizar igualmente.
Caruaru continua uma referência quando se fala em São João?
Sim, não tenho dúvidas, mas não é uma festa tão diferente das outras realizadas pelo Brasil afora. É inadmissível que não se tenha um planejamento estratégico para a festa de São João de Caruaru.
Faltando 15 dias para o início junho, não há clima junino algum nas ruas da cidade.
As principais ruas e avenidas não estão enfeitadas, ninguém sabe nem as atrações que vão se apresentar nos diversos polos.
Aliás, quando é a abertura do São João 2017?
Quais as atrações que farão a tradicional abertura da festa?
Muito diferente de Campina Grande que lançou a programação oficial da festa em abril.
Se a programação de lá é boa ou ruim, se tem muitos sertanejos ou não, se agradou ou não, isso é outra questão.
O que aconteceu na verdade em nosso caso, é que a fundação de Cultura e Turismo de Caruaru dormiu no ponto e perdeu muito com isso, inclusive, perdeu apoio para realização do evento do Ministério do Turismo.
Diferente da festa paraibana e de outras cidades nordestinas, Caruaru não ganhará suporte do Ministério do Turismo por falta de planejamento e organização.
A prefeita Raquel Lyra foi eleita em 30 de outubro do ano passado.
Pelo que foi divulgado na imprensa, existiram reuniões, conversas e até troca de elogios quanto a transição de governo.
Recuso-me acreditar que a Prefeita não tenha criado, assim que assumiu a gestão municipal em janeiro de 2017, um comitê organizador, uma comissão, um conselho, ou seja lá o que for, para tratar as questões dos festejos juninos, sabendo ela a importância econômica e cultural da festa para o município.
Recuso-me acreditar que a digníssima Sra.
Prefeita não sabe como funciona um processo de licitação, bem como seus prazos e trâmite legal, e por isso decretou situação de emergência para realização do evento sob alegação de falta de tempo hábil.
Ora, tiveram 7 meses para organizar a festa e não tiveram tempo?
Arrumem outra justificativa porque essa não convence ninguém.
Aliás, é importante que fique claro que não é comum a Administração Pública decretar situação emergencial, segundo a lei 8.666/93 – lei das licitações, por falta de planejamento da própria gestão.
Normalmente, decreta-se situação de emergência por um fato inesperado do Poder Público, algo que foge do controle da gestão e do Administrador(a) Público, algum acontecimento imprevisível e em casos de calamidade pública como por exemplo, surto de doenças (surto do Ebola, Zika Virus etc), eventos da natureza (inundações, terremotos etc) e outros.
Desse modo, a inexigibilidade de licitação dar-se-á por falta de tempo e pela urgência da situação.
Existem outros pontos que justificam o estado de emergência no art. 24 da lei 8.666/93, mas nenhum no sentido de má gestão.
Reitero minha torcida para que a cidade realize uma grande e belíssima festa, pois queremos que a cidade tenha seu nome zelado.
Que todos curtam nossa festa popular com muita paz e alegria.
Que muitos turistas visitem nossa cidade e nossa rede hoteleira ao final do São João esteja comemorando muito, assim como todos os comerciantes que trabalharão diretamente e indiretamente, e que nosso Alto do Moura esteja movimentado todos os dias da festa.
Porém, precisa ficar muito claro que a Prefeitura dormiu no ponto, errou e não se programou para o São João 2017.
Que erros como esse não aconteça novamente, pelo bem do povo e da Administração Pública.
Jefferson Paz apresenta-se como graduando em Administração Pública na ASCES/UNITA.
Ex-parlamentar Jovem de Caruaru e filiado do PMDB.