Por Teresa Leitão, especial para o Blog de Jamildo Neste último final de semana – entre 12 e 14 de maio – a mulher foi tema de muitos debates.
Para os católicos, a devoção à Maria ganhou destaque com os 100 anos das aparições de Fátima.
Para a tradição familiar (e comercial), o Dia das Mães sempre muito comemorado.
E para a política, depois do depoimento do ex-presidente Lula, multiplicam-se as teses da influência de dona Marisa nas denúncias da famigerada Operação Lava Jato.
Se os católicos se gratificam com as belas celebrações, à frente o querido Papa Francisco e se as mães comemoram o seu dia em meio às delícias da maternidade, o mesmo não acontece com a memória de Dona Marisa.
A ela se impuseram as análises políticas mais cruéis e oportunistas, próprias de um momento que tem cultivado o ódio como elemento de disputa. É preciso cuidado redobrado quando se analisa a participação da mulher na política em uma sociedade machista e patriarcal como a brasileira.
Para além dos índices de representação nos cargos eletivos, díspares em relação ao eleitorado feminino, é o conteúdo de algumas análises que assusta, pelo preconceito velado e pelo machismo consentido.
Da menina operária que enrolava doces na fábrica Dulcora, da militante que costurou a primeira bandeira do partido fundado pelo marido, da mãe presente, da esposa companheira, da avó afetuosa são lembranças que unem o público ao privado.
Público e privado são os dois espaços mais contraditórios quando se tenta analisar a participação política da mulher.
Comete-se erros da origem machista de nossa sociedade quando se diz que Lula poderia ter lançado Marisa na política, ou seja, na política a mulher precisa depender do homem.
Em relação a Marisa, não se adaptam os critérios temerosos da “bela, recatada e do lar”, nem tampouco a questionável concepção de primeiro-damismo.
Respeito à memória de Marisa pelo que ela foi e pelo lugar que ocupou, é também respeito às mulheres nas suas múltiplas identidades.
Acusá-la depois de morta, não é simples infortúnio, é desrespeito preconceituoso.
O desespero em busca de provas não pode prescindir da ética e da humanidade como princípios básicos do convívio social civilizatório.
O jornalista Miguel do Rosário arremata muito bem este episódio quando diz: “quem trouxe dona Marisa ao depoimento foram o Juiz e o MP, Lula usou o nome da mulher em respostas e ele não disse nada diferente do que havia dito no primeiro depoimento, quando dona Marisa ainda estava viva.
A narrativa de que Lula culpou a ex-mulher diante de Moro é cínica e covarde, e usar uma mentira para criar capa de revista e campanha publicitária é moralmente indecente”.
Teresa Leitão Deputada estadual do PT/PE