Por Mailson da Nóbrega, em seu blog A reforma da Previdência começou a andar com a aprovação do relatório da respectiva comissão na Câmara, mas a resistência vai continuar.

Mudanças que mexem no bolso das pessoas ou alteram para pior suas expectativas são sempre impopulares.

O argumento de que sem elas a vida vai piorar dificilmente conquista apoio.

Por isso, reformas desse tipo precisam ser comandadas por líderes com grande estatura moral e elevado poder de convencimento.

A resistência varia de país a país, mas no Brasil vários fatores explicam por que a rejeição é maior.

Vejamos uma lista deles: 1) O governo teve dificuldade em explicar a reforma de maneira didática; 2) O presidente Temer comenda um governo de transição e não tem liderança do tipo convincente, que conquista mentes em favor de mudanças complexas; 3) A crise econômica, o desemprego e o escândalo de corrupção desvendado pela Operação Lava-Jato predispõem as pessoas contra o governo; 4) O cidadão comum não aceita que um governo com muitos de seus membros envolvidos no escândalo tenha autoridade para exigir sacrifícios da população; 5) Durante muitos anos, diferentes governos afirmaram que a Previdência é um grande programa social e fonte de redistribuição de renda; 6) Na verdade, a Previdência é um seguro-velhice vinculado a contribuições e regras que o tornem sustentável, mas a ideia equivocada pegou.

Como convencer agora o distinto público que o governo não está tirando direitos? 7) A grande maioria comprou a ideia errada de que não há déficit na Previdência; 8) Fiscais da Receita Federal vinculados ao seu sindicato sustentaram que não havia déficit.

Bastaria cobrar os quase R$ 500 bilhões da dívida ativa, tarefa a cargo de procuradores da Fazenda.

Se os próprios técnicos do governo dizem isso, muitos imaginam, alguém está faltando com a verdade; 9) Quem estuda o assunto a sério sabe que não é bem assim.

Os maiores devedores são empresas que nem mais existem, como a Varig, mas o argumento foi bem-sucedido; 10) Disso se aproveitaram demagogos e analistas de má fé para sustentar a inexistência do déficit.

O argumento disseminou-se redes sociais, aumentando a rejeição.