A volta dos que não foram Por Gustavo H. de Brito Alves Freire, em opinião do JC deste sábado Muitos, incluindo a imprensa, mas, também, nesse vasto cosmos que são as redes sociais, quase enfartaram de tanto especular.

Vai acontecer isso, vai acontecer aquilo.

No fim, Tapacurá não rompeu.

O frenesi se deu desde que agendado o depoimento do ex-presidente Lula, na qualidade de réu, ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, em Curitiba.

Como quase tudo por essas bandas é motivo para plantão de urgência, vozes não tardaram a ser ouvidas prenunciando um “fato histórico”, talvez sucedâneo da própria inauguração de Brasília por JK.

Mas para frustração dos ansiosos o chão não tremeu.

Lula compareceu, com todo aquele pessoal de sempre, quebrou o protocolo, mas não deu trabalho a Moro.

Não recusou respostas.

Trocaram sutis farpas durante quase cinco horas.

Na saída, Lula sempre Lula.

Moro sempre Moro.

O réu atendeu ao chamamento judicial, ainda que nas vésperas tenha buscado o impedimento do magistrado, que fosse autorizada a gravação da audiência por equipe independente, e, por fim, que fosse adiado o depoimento para que tempo houvesse de a Defesa estudar supostos novos documentos.

Esperava-se, o que?

Uma prisão preventiva?

Com base em que elementos?

De clarividência ou prestidigitação?

No show de mágica, talvez.

Com o Direito, não.

Lula e Moro dividiram o mesmo espaço, mas e daí?

O mundo acabou?

Colidiu algum asteroide com a Terra?

Soaram as trombetas do apocalipse?

O acusado devia ser ouvido e foi.

Ninguém reinventou a roda.

Houve vencido e vencedor?

Mas de que?

De uma audiência?

Chumbo cruzado ou a volta dos que não foram?

Talvez aí esteja o xis da questão: a constrangedora falta de assunto que nos invade quando o assunto é a Operação Lava Jato.

O combate à corrupção, clamor geral, não tem veia circense.

No mais, é vida que segue.

Gustavo H. de Brito Alves Freire é advogado