Blog de Jamildo com Estadão Conteúdo No interrogatório a que foi submetido pelo juiz Sérgio Moro nessa quarta-feira (10), em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu informações sobre a decisão da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - empreendimento que se tornou o primeiro alvo da Lava Jato no esquema Petrobras.
Ele disse que havia decidido construir a obra no Estado após entendimento com o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morto em 2013.
O petista também afirmou que não participou do plano de construção da obra.
Segundo o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, parte do dinheiro que supostamente foi enviado a Lula, por meio do tríplex no Guarujá (SP) e do estoque de bens do ex-presidente, veio desviado da obra da refinaria.
Moro quis saber qual havia sido a participação de Lula no planejamento da obra.
Lula então contou seu encontro com Chávez, em 2015, durante o laçamento.
Na ocasião, o ex-presidente venezuelano demonstrou interesse em fazer uma associação com o Brasil para fazer construir a refinaria. “Essa refinaria de Pernambuco era assim: Espírito Santo queria refinaria, Ceará queria refinaria, Rio de Janeiro queria refinaria em Campos e Pernambuco queria refinaria.
Acontece que eu fiz um encontro em Pernambuco com o presidente Chávez.
E lá em Pernambuco, o Chávez demonstrou interesse em fazer uma associação com o Brasil para fazer uma refinaria”, afirmou Lula. “Ou seja, eu achei importante porque era um jeito de o Brasil equilibrar a balança comercial com a Venezuela.
Nós tínhamos um superávit de quase US$ 5 bilhões e não é sadio que um País grande como o Brasil tenha um superávit muito grande com um país pequeno.
Não sei se o Cháves acertou já com o ex-governador (Jarbas Vasconcelos), que era do PMDB, ou se acertou com o governador Eduardo Campos.
O dado concreto é que ficou acertado que teria um acordo entre a Petrobras e a PDVSA (a estatal petrolífera venezuelana) para construir uma refinaria bipartite.
Ou seja, uma refinaria 40% da Venezuela e 60% do Brasil”, completou o ex-presidente.
Moro quis então saber qual foi a participação de Lula no projeto “A reunião com Chávez”. “A definição da ideia de que interessava aos dois países.
O que aconteceu era que nem a Petrobras nem a PDVSA queria.
E o que aconteceu é que não aconteceu a tão sonhada parceria.
A Petrobras fez sozinha a refinaria”, resumiu o ex-presidente.
Moro passou então a questionar os sucessivos aumentos de preço da obra e o atraso na conclusão do empreendimento. “Atrasou porque teve atraso de obra”, disse Lula, ao afirmar que não tinha detalhes técnicos do trabalho.
A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.
As acusações são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do tríplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.
O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.