Não é exatamente uma novidade em Pernambuco, mas o assunto veio à baila novamente em matéria do Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira (9).

A DAG Construções, empresa que assumiu as obras da PPP de Itaquitinga em 2012, após a empresa anterior (Advance, do empresário Eduardo Fialho) deixar as obras, é a mesma que comprou um terreno que seria destinado à sede do Instituto Lula.

Na delação à Lava Jato, o ex-presidente da Odebrecht confirmou a compra do terreno e explicou que usou uma empresa ligada ao grupo (a DAG). “Fiz a recomendação de fazer isso através da DAG, empresa que a gente tinha relação antiga, tenho relação antiga com o dono.

Ele compraria e depois a gente encontraria uma maneira de oficializar”, disse Marcelo Odebrecht sobre o terreno, na época.

Na sua delação, Marcelo usou de explicação semelhante em relação a PPP de Itaquitinga, disse que ia colocar a DAG nas obras do presídio, pois a Odebrecht não queria aparecer diretamente.

De acordo com as delações de Marcelo Bahia Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Benedicto Júnior, registrados na Petição 6706 do STF, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), solicitou apoio à Odebrecht em 2012, para auxiliar na construção do presídio de Itaquitinga.

Apesar de não haver interesse por parte da Odebrecht para participar da licitação e ingressar na obra, a empreiteira entrou no projeto indiretamente, através da DAG Construtora. “Quando a DAG entrou, o que a gente pensou que era um problema só na obra, era algo bem pior.

Na verdade, tinham coisas escabrosas.

A concessão tinha pego um empréstimo do Banco do Nordeste e um mês depois tinha distribuído esse empréstimo como dividendos.

Quando a gente viu, já tinha gasto uns R$ 50 milhões nesse processo.

Quanto mais dinheiro, maior era o buraco.

Chegou o momento em que a gente disse ‘não tem jeito, Eduardo, não tem jeito’”, relatou Marcelo ao MPF.

Em 2014, ainda segundo a delação de Marcelo, foi tratada desta suposta pendência de 50 milhões da Odebrecht, pelos gastos no presídio de Itaquitinga, em um jantar com Eduardo Campos (com a presença de Aldo Guedes e Renata Campos).

Marcelo teria dito a Eduardo que não doaria mais nada para a campanha presidencial do PSB em 2014, devido a este suposto “prejuízo” em Itaquitinga.