Para os tucanos, o PT está decidido a transformar o depoimento do ex-presidente Lula em ato político na próxima quarta-feira (10).
O petista terá que dar esclarecimentos ao juiz Sergio Moro no processo em que é acusado de receber propina por meio do tríplex à beira-mar no Guarujá supostamente dado pela OAS.
O comando do partido PT está conclamando militantes e parlamentares para ocuparem ruas da capital paranaense “em defesa da democracia” e contra o trabalho desenvolvido pela Operação Lava Jato.
Nesta ação, o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. “Além de contraditória, a iniciativa visa transformar em espetáculo algo corriqueiro em um processo judicial: o depoimento de um réu”, reclamam os tucanos.
Os deputados do PSDB estão destacando que qualquer cidadão brasileiro que esteja sendo investigado precisa dar esclarecimentos à Justiça. “A diferença é que Lula não tem como se explicar.
Por isso, a legenda prepara um carnaval para tentar esconder da opinião pública a dificuldade de provar inocência de alguém com tantas acusações”. “O problema é que ele não tem como provar inocência e, por isso, tem que apelar para a baderna, para o caos e o conflito”, apontou o deputado Nilson Leitão (MT) nesta segunda-feira (8).
Para ele, o juiz está cumprindo seu papel.
Além de já ter ouvido testemunhas, precisa ouvir o réu, algo tão natural para a Justiça, mas que o Partido dos Trabalhadores trata como se fosse uma orquestração contra aquele que já se autodeclarou “a alma mais honesta”. “Todos que são citados têm que ser investigados.
Não há porque disso tudo”, disse, no site do partido. “Eles querem ser tratados acima do bem e do mal e acham que apenas atraindo a simpatia popular podem absolvê-lo de qualquer crime que cometeu.
O ex-presidente quer vender para a população um modelo de justiça que não existe, na qual quem cometeu crimes têm que ser presos, mas, se for ele, havendo um apelo popular, pode ficar impune e imune à ação da justiça”, criticou Leitão.
O PT espera reunir 30 mil pessoas em Curitiba durante o depoimento de Lula.
Caravanas de militantes dos estados da região Sul e de São Paulo devem desembarcar no Paraná.
Representantes de diretórios do Nordeste e parlamentares petistas também devem viajar à capital paranaense.
Na última sexta-feira (5), Lula chegou a dizer que a mídia e a Lava Jato firmaram um “pacto diabólico” contra ele.
O deputado Carlos Sampaio (SP) enxerga essa orquestração da militância como um sinônimo de desespero. “Finalmente, Lula vai ter que prestar contas para o juiz Sérgio Moro, como réu na Lava Jato.
O petista anda fazendo discurso inflamado, em tom de ameaça às investigações, mas isso é só um sinal de desespero, pois ele sabe que o cerco já se fechou e que seu julgamento está próximo”, afirmou por meio de sua página no Facebook.
Para o deputado Pedro Cunha Lima (PB), os atos planejados pelos militantes petistas e seus aliados comprovam a fraqueza da defesa de Lula em relação às acusações feitas no âmbito da Lava Jato, na qual o ex-presidente já se tornou réu em três ações distintas. “Querem levar para a política um assunto que é estritamente jurídico, e a razão disso é muito clara: a fragilidade jurídica da situação [DO LULA]e a gravidade jurídica dos fatos apontados no processo. É preciso ter confiança nas nossas instituições e a maturidade de perceber esse movimento, que tenta contaminar com política aquilo que diz respeito só ao Judiciário”, avaliou o parlamentar.
O tucano acredita que a mobilização dos petistas não terá qualquer efeito nas decisões tomadas pelos investigadores. “Tenho plena confiança no juiz Sergio Moro e no trabalho de toda a Operação Lava Jato para não se submeter a qualquer tipo de pressão indevida, como essa construída pelo PT”, analisou o tucano.