Em entrevista ao jornal Folha de S.
Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ser “muito cedo” para falar em candidaturas ao Palácio do Planalto em 2018.
Ainda assim, ao ser questionado sobre o prefeito de São Paulo, João Doria, que passou a ser uma “tábua de salvação” para o PSDB em meio aos grandes nomes do partido sendo atingidos pela Operação Lava Jato, o tucano afirmou que nomes como Doria e o apresentador de TV Luciano Huck “são o novo”.
LEIA MAIS: » ‘É mais confusão’, diz FHC sobre eventual cassação de Temer » Delação aponta esquema de corrupção no governo FHC “O PSDB, ao contrário do que dizem, sempre teve muitos quadros.
Sempre tivemos três, quatro possíveis candidatos.
A questão é que o sistema político brasileiro não favorece a formação de líderes nacionais.
Fora de campanhas, quem aparecia nacionalmente?
O ex-presidente, o presidente e um ou outro candidato a presidente.
Quando alguém chamava atenção?
Só os mais bizarros conseguiam.
Isso agora mudou, está mudando.
O Doria está fora [desse esquema anterior], o Luciano Huck está fora.
Eles são o novo porque não estão sendo propelidos pelas forças de sempre.
Temos de ver como isso se desenrola.
Eu hoje acho cedo perguntar quem vai ser candidato.
Temos de ver como o processo anda, como a sociedade está absorvendo todo o impacto da Lava Jato”, afirmou.
Ao ser perguntado sobre o governo de Michel Temer, FHC afirmou que o presidente “entendeu que o papel dele ou é histórico ou é nenhum”. “A sua força está no Congresso, que está numa circunstância muito difícil devido à questão da Lava Jato.
Todos, a oposição, o PT, o meu partido, foram atingidos.
Mas o balanço é positivo.
Veja, o governo vive uma crise herdada, assumindo uma massa falida. Às vezes, ele não tem tempo de se beneficiar dos avanços. Às vezes, tem.
Vamos ver”, apontou. » Doria exibe carteira de trabalho em resposta a provocação de Lula De acordo com FHC, o PSDB não errou ao entrar no governo. “Era inevitável a entrada.
Se não entrássemos, seríamos acusados de irresponsabilidade.
Seríamos criticados de qualquer modo, mesmo se ficássemos de fora.
Sempre há um preço a pagar.
Eu posso, de toda maneira, fazer um comentário quase cínico: a eleição é só daqui a um ano e meio.
Isso não significa que vamos apoiar, como partido político, ou fazer uma reforma qualquer.
Não faremos.
Por exemplo, a proposta de um deputado do meu partido [Nilson Leitão, do Mato Grosso] de mexer com as relações trabalhistas rurais, aquilo é uma loucura [a ideia aventada permite algo que críticos chamam de trabalho escravo legalizado, com pagamento na forma de alimentação e estadia].
Não pode ser assim”.
Sobre a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente afirmou que é um pouco estranho, apontando que “o PT virou o Lula”. " Isso é ruim para ele, é ruim para o partido.
E o Lula perdeu a classe média e o pessoal do dinheiro, isso não volta mais.
A credibilidade está muito arranhada.
Fora isso, nós temos de pensar que ainda haverá a pressão da campanha, os temas da campanha, se ele for candidato e se chegar ao segundo turno".