Caro Jamildo, O povo do Recife é idiota. É isso que devem pensar que aprovaram no último dia 27 de abril um escandaloso aumento de 53% no próprio auxílio-alimentação.
Com ele, os módicos R$ 3 mil que até então eram pagos aos parlamentares passarão a ser, já a partir deste mês de maio, singelos R$ 4.595.
Isso mesmo: quatro mil quinhentos e noventa e cinco reais por mês de auxílio-alimentação.
São quase 5 salários mínimos.
Mais de 13 cestas básicas.
Quase 500kg de comida.
Para cada um dos 39 Vereadores.
Em cada um dos 12 meses!
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (ASSERT), realizada no último mês de março em parceria com o Datafolha, o custo médio de uma refeição fora de casa no Recife é de R$ 32,67.
O valor já considera, além do prato de comida, a bebida, a sobremesa e o cafezinho.
Isso significa que, com esse auxílio-alimentação, um vereador do Recife consegue almoçar 7 vezes todos os dias úteis de um mês.
São 7 pratos, 7 bebidas, 7 sobremesas e 7 cafezinhos todos os dias.
Haja estômago!
Nada mal para uma Câmara Municipal super produtiva, que teve mais da metade de suas sessões plenárias canceladas por falta de quórum em 2016.
E que terá um custo adicional de quase R$ 750 mil por ano com este aumento.
Qualquer pessoa em sã consciência sabe que esse valor não será utilizado para alimentação.
E que, em tempos de crise fiscal, o que as vereadoras e vereadores do Recife fizeram na prática foi aumentar as suas remunerações descaradamente.
Se não for isso, só há uma explicação para esse auxílio-alimentação: para legislar pela cidade e fiscalizar o Poder Executivo é preciso estar de barriga cheia.
Bem cheia!
Fernando Holanda é membro do Conselho da Cidade e da RAPS - Rede de Ação Política pela Sustentabilidade