Conhece-te a ti mesmo Por Alberto Borges, sócio da Lumi Consultoria O cenário econômico mantém-se pouco promissor no Brasil e a crise persiste devastando o sono e as contas de empresários, empregados, famílias.
Nesse contexto de instabilidade, os desafios clamam por respostas rápidas, que, mesmo muito bem-intencionadas, tanto podem “salvar a lavoura” como aprofundar dificuldades.
Para reduzir as chances de erro, vale a máxima emanada do templo de Apolo há dezenas de séculos: Conhece-te a ti mesmo!
Investir tempo na reflexão sobre as próprias características pode ser o caminho para encontrar possibilidades consistentes de enfrentamento das adversidades.
A recomendação vale para indivíduos, mas cabe ressaltar o quão vantajoso pode ser para qualquer organização manter-se atenta ao funcionamento dos seus processos.
Os eventos não atingem a todos do mesmo modo.
Mesmo empresas de um mesmo segmento em uma mesma região podem receber impactos distintos, advindos de uma nova regulamentação ou da própria crise.
Sofrerá menos aquela cujos processos permitam o adequado tratamento dos novos desafios.
Resultados sustentáveis estão fortemente relacionados à adaptabilidade, uma capacidade derivada de objetivos claros, processos bem conhecidos e gerenciados, gestão inteligente dos custos, recursos e, o ponto chave, acompanhamento obsessivo da repercussão para o cliente.
A divisão da organização em áreas ou funções especialistas, em muitos casos, conduz ao afastamento do propósito maior de qualquer negócio, que é entregar valor ao cliente.
Não é difícil imaginar que, submetidas à pressão por garantir resultados favoráveis, essas áreas especializadas ofereçam respostas típicas do seu universo ou “quadrado”, desconsiderando o valor para o público-alvo.
Em tempos de desaquecimento econômico, envolvidas pela premência em reduzir custos, empresas têm sacrificado processos importantes para sua relação com o cliente, o que significa pisar no acelerador rumo à irrelevância.
Mesmo que a austeridade seja um princípio geral altamente recomendável, prescindir de certas pessoas, eliminar algumas funções ou automatizar determinadas atividades pode reduzir custos, mas inviabilizar receitas importantes caso o cliente receba negativamente a mudança.
No esforço para evitar consequências indesejáveis, é necessário avaliar-se, principalmente sob a perspectiva do cliente.
Reestruturação de áreas, rearranjo de quadro funcional, adoção de novos parâmetros de precificação, por exemplo, podem ter efeitos práticos desanimadores quando conduzidos sem conexão com as expectativas do cliente.
Isto é, medidas tecnicamente bem amparadas podem naufragar se não contribuem para a entrega de valor ao cliente.
Conhecer-se é o melhor aliado para responder com propriedade aos desafios.
Analisar seus processos, medi-los, transformá-los na direção das demandas do cliente é um dever permanente de qualquer negócio, crucial para a sobrevivência em circunstâncias de crise.