Estadão Conteúdo - Desdobramento da Lava Jato, a Operação Satélites 2, deflagrada nessa sexta-feira (28) pela Polícia Federal, ampliou o cerco à cúpula do PMDB no Senado.
Por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra suspeitos de operar recebimento de propina em contratos da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
As medidas foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para coletar provas contra suspeitos que teriam beneficiado os senadores Renan Calheiros (AL), Garibaldi Alves Filho (RN) e Romero Jucá (RR), além do ex-presidente José Sarney (AP), com o recebimento de valores indevidos.
Os peemedebistas negam.
LEIA TAMBÉM » Lava Jato aprofunda investigação sobre desvios na Transpetro » Alvo da Operação Satélites foi cotado para diretoria “que fura poço” da Petrobras » PF cumpre mandados referentes a inquéritos da Lava Jato que tramitam no STF A investigação que deu origem à operação se baseou na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que revelou à PGR ter repassado, em 11 anos, R$ 100 milhões em propina aos peemedebistas.
O dinheiro, supostamente oriundo de contratos da estatal, teria sido pago em espécie e por meio de doações oficiais.
A PF cumpriu dez mandados em Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe, São Paulo e Distrito Federal para apurar crimes contra a administração pública, lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. » PF realiza nova fase da Lava Jato autorizada pelo STF » Nova fase da Lava Jato mira empresário ligado a Humberto Costa » Petroquímica Suape: delator da Odebrecht citou propina a Humberto Costa Um dos alvos foi o advogado Bruno Mendes, ex-assessor de Renan, que foi gravado em uma das conversas de Machado entregues à Lava Jato.
O senador é suspeito de ter recebido R$ 32 milhões dos recursos supostamente desviados para o PMDB.
Também foram cumpridas medidas contra o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Lindolfo Sales, que foi chefe de gabinete de Garibaldi; Amauri Cezar Piccolo, assessor de Sarney; e uma ex-assessora de Jucá.
Outro alvo de busca foi o ex-senador José Almeida Lima (PMDB), atual secretário de Saúde de Sergipe.
Propina Machado contou que Garibaldi, em eleições, sempre o procurava solicitando recursos.
O último encontro, de acordo com ele, se deu em 2014, quando o senador era ministro da Previdência.
Machado disse ter viabilizado R$ 700 mil para o congressista por meio de contribuições de empreiteiras que tinham contratos com a Transpetro.
O delator contou que Sarney foi beneficiado com R$ 18,5 milhões entre 2006 e 2014.
Segundo Machado, Jucá recebeu R$ 21 milhões.
Detalhes da Satélites 2 não foram divulgados, sob o argumento de que corre em sigilo.
A operação é desdobramento da Satélites, de 21 de março, que teve como alvo nomes ligados a Renan e Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RO).