Um dia depois de o projeto de reforma trabalhista ter sido aprovado na comissão especial sobre o tema na Câmara, por 27 a 10, a proposta foi levada ao plenário.

A discussão começou no início da tarde desta quarta-feira (26) e os partidos de oposição obstruíram a sessão.

Um requerimento para retirar o projeto da pauta foi rejeitado por 213 votos a 45.

O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), ainda apresentou um requerimento para a votação nominal do pedido de retirada de pauta da proposta, mas foi derrotado por 224 votos a 49 e uma abstenção. » Acompanhe ao vivo a sessão sobre a reforma trabalhista na Câmara dos Deputados: PT, PSB, PDT, SD, PCdoB, Psol, Rede e PMB defendem a retirada de pauta da proposta e alguns parlamentares protestaram com cartazes que mostram a foto de uma carteira de trabalho e a frase: “Quem vota não volta”, em uma menção à possível dificuldade de reeleição de deputados que foram favoráveis à reforma.

O PHS liberou sua bancada.

Os demais partidos defendem que o substitutivo aprovado pela comissão especial seja analisado.

LEIA TAMBÉM » Veja como votaram os deputados na reforma trabalhista » Reforma trabalhista é aprovada em comissão especial da Câmara dos Deputados A matéria, na forma do substitutivo do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), foi aprovada na comissão especial na tarde dessa terça-feira (25), mas como os destaques não foram analisados a votação não foi considerada concluída.

Segundo o relatório, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o acordo coletivo prevalecerá sobre a lei e o sindicato não mais precisará auxiliar o trabalhador na rescisão trabalhista.

A contribuição sindical obrigatória é extinta.

Poderão ser negociados pontos como jornada de trabalho, banco de horas anual, intervalo de alimentação mínimo de meia hora, teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho intermitente.

Outros direitos garantidos pela Constituição não poderão ser reduzidos ou suprimidos.

Discussão Ao encaminhar favoravelmente a retirada de pauta, o líder da Rede, deputado Alessandro Mollon (RJ), disse que Câmara está prestes a analisar uma reforma trabalhista que, na opinião dele, “ataca diretamente direitos conquistados pelos trabalhadores” ao longo de décadas. “Alguns parlamentares vão dizer que nenhum direito está sendo retirado.

Mentira!

Quem votar nessa reforma, vai votar pela sua demissão, trabalhador, e pela sua recontratação como empregado terceirizado com menos direitos, sem direito a vale-refeição, a plano de saúde e podendo ganhar salário menor”, alertou Mollon. “Vamos lutar o dia inteiro para impedir a votação dessa proposta.” » É preciso medidas impopulares, nos recusamos às populistas, diz Temer » Após PSB ficar contra reformas, Raul Henry reafirma posição em defesa de Temer Já Silvio Torres (PSDB-SP) desafiou Mollon e disse que vai ficar o dia todo em Plenário esperando que o deputado da Rede aponte quando algum direito constitucional esteja sendo mudado na reforma trabalhista. “Aí nós vamos saber quem está mentindo para o povo, quem está usando a mentira porque não tem argumento para votar contra a reforma”, provocou Torres.

Favorável à reforma trabalhista, Daniel Coelho (PSDB-PE) disse que o texto não aumenta a jornada para 12 horas diárias. “É mentira!

Nós temos que falar aqui a verdade: isso não está no texto”, rebateu Coelho.

Segundo ele, a proposta apenas regulamenta a negociação coletiva das jornadas, com limitação de 12 horas diárias e 220 horas mensais.

O tucano disse ainda que o texto não inova ao parcelar as férias em até três vezes. “Isso ocorre apenas se houver concordância do trabalhador.

Também se autoriza esse parcelamento para trabalhadores com mais de 50 anos, o que hoje não é permitido”, finalizou. » Três ministros pernambucanos são exonerados para votar reforma trabalhista » Ministro do STF nega ação do PSOL contra urgência da reforma trabalhista » Veja como votaram os pernambucanos na urgência da reforma trabalhista Helder Salomão (PT-ES) sustentou que a reforma implica um “desmonte” da legislação trabalhista brasileira. “Hoje é um dia gravíssimo.

Um dia em que o Parlamento está de costas para os trabalhadores, que vão ficar reféns de uma legislação que beneficia apenas o lado empresarial”, disse.

Bohn Gass (PT-RS) também criticou a reforma e defendeu sua retirada de pauta. “Nenhum trabalhador pediu para aumentar a jornada para 12 horas; para fatiar suas férias em 3 vezes.

Tem alguma mulher em período de amamentação que pediu para trabalhar em lugar insalubre?”, ironizou.

Com informações da Agência Câmara