Estadão Conteúdo - Depois de aceitar novas flexibilizações na proposta de reforma da Previdência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avisou nesta terça-feira (18) em entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo que não há mais “muita margem” para nenhum tipo de mudança no relatório do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).
O ministro tenta estancar a pressão que continua no Congresso para que novas mudanças sejam atendidas, o que pode colocar em risco boa parte da economia de despesas prevista depois que a reforma for aprovada. É que a redução na idade mínima das mulheres de 65 anos para 62 anos - um dos itens considerados inegociáveis pelo governo no início do processo - aumentou a percepção de risco de que a proposta original seja desfigurada até a votação final.
LEIA TAMBÉM » Rodrigo Maia condena tentativa de invasão da Câmara e mantém cronograma da reforma da Previdência » Deputados do PSB mantêm críticas à reforma da Previdência após mudanças no projeto » Veja os pontos alterados na reforma da Previdência que será lida nesta quarta Para rebater a repercussão negativa, Meirelles disse que o acordo fechado em torno do parecer de Maia preserva uma reforma com efeitos por um longo período de tempo. “É uma reforma para o longo prazo no País, ficando dentro do patamar estabelecido no relatório.” Pelos cálculos iniciais, a perda de economia, em relação à proposta original, ficará entre 20% e 30%. “Mais próximo de 20%”, ressaltou o ministro.
Ele confirmou que a perda ficará próxima de R$ 170 bilhões, como informou o relator.
Mas argumentou que não se trata de número “preciso”, mas de uma “referência”.
A Fazenda prepara uma nota técnica para detalhar o impacto das mudanças. “Fechado o relatório, há uma posição já consolidada.
O momento da mudança é agora”, disse o ministro.
Ele está confiante em que as negociações feitas para aprovação da proposta tenham conseguido aplacar as maiores resistências à reforma e vão garantir os votos necessários para a sua aprovação. » Leitura do parecer da reforma da Previdência é adiada para esta quarta » Projeto da reforma da Previdência deve ter idade mínima menor para mulheres Para Meirelles, a redução para 62 anos da idade mínima de aposentadoria das mulheres visou garantir os votos para a aprovação da medida.
O acordo, disse, é que a bancada de deputadas da base do governo vote a favor do parecer. “É importante mencionar que (o acordo) não é abrir mão.
Representa uma negociação com o Congresso, que é parte do regime democrático.
O Congresso tem a última palavra”, disse. “Tem cerca de 40 deputadas na base, que representam de fato a posição majoritária.” Ainda não Os votos da bancada, no entanto, ainda não estão totalmente garantidos.
As deputadas ainda querem discutir alterações nas regras para as trabalhadoras rurais. “Se a gente tem dupla jornada, imagina as trabalhadoras rurais”, disse a coordenadora da bancada, deputada Soraya Santos (PMDB-RJ).
Pela proposta, as mulheres que trabalham no campo poderão se aposentar com 60 anos (mesma idade de homens na mesma condição). » Henrique Meirelles diz que, sem reforma, Previdência poderá ficar insustentável em 10 anos “Estamos vencendo vários pontos.
Temos um movimento, sim, de atendimento, como a questão da desvinculação do salário mínimo do BPC, já foi atendido.
Tínhamos a questão das professoras e já foi acolhido.
Tudo está caminhando para que tenhamos um compromisso final de votação, mas ainda não tem 100%”, disse Soraya, que vai se reunir na tarde desta quarta-feira, 19, com a bancada para definir os pontos a serem discutidos.
Segundo ela, a diferenciação da idade entre homens e mulheres está em todas as constituições. “Essa diferença foi feita para chamar a atenção de uma dívida que o Brasil tem com ele mesmo.”