Na semana passada, em vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Marcelo Odebrecht, na condição de delator da Lava Jato, conta detalhes das negociações de bastidores para ajudar o ex-governador Eduardo Campos com os problemas para tirar do papel o presídio de Itaquitinga, na Mata Norte do Estado.

No meio da exposição, o empresário nacional critica o grupo que a construtora estava sucedendo na obra, o consórcio formado pelas empresas Advance, que teria feito várias paredes de drywall, supostamente para driblar a fiscalização e receber recursos do Banco do Nordeste do Brasil, que financiava a obra.

Na mesma entrevista aos investigadores do MPF, Marcelo Odebrecht revela estranhamento com o grupo ter distribuído mais de R$ 90 milhões em dividendos, 48 horas depois de ter recebido os créditos do banco oficial.

LEIA TAMBÉM » Aldo Guedes pede ao STF cópia da delação da Odebrecht sobre Itaquitinga » MPF já tem inquérito sigiloso sobre Itaquitinga, obra que aparece nas delações da Odebrecht » Antes de morrer, Eduardo Campos disse a Marcelo Odebrecht que desvios de recursos do BNB em Itaquitinga eram ‘questão do PT’ Antes de afastar em definitivo a empresa baiana da PPP, o governo do Estado elaborou um estudo do que foi feito e o que encontrou na obra.

O levantamento aponta a existência de um cemitério de paredes de gesso no presídio de Itaquitinga.

A auditoria feita pela empresa Projetec, para a Secretaria de Ressocialização (Seres), fala, na página 14 e 55, que a Advance promovia a substituição de paredes de concreto por divisórias em dry wall.

Em abril de 2013, o governo de Pernambuco oficializou a transferência da operação da Advance para DAG Construções.

Mas, ao se deparar com o passivo trabalhista e as dívidas com mais de 300 fornecedores, a empresa apresentada pela Odebrecht desistiu do negócio e a obra foi abandonada, situação que persistiu até o ano passado.

Depois que DAG deixou o negócio, a responsabilidade das dívidas recaiu somente sobre a antecessora, que brigou na justiça pela equalização das responsabilidades. » Governo Paulo Câmara obtém vitória contra empresas responsáveis pela construção do presídio de Itaquitinga » Marcelo Odebrecht diz que perdeu R$ 50 milhões para ajudar Eduardo com Itaquitinga e que vencedor da PPP desviou dinheiro do BNB » Odebrecht diz que Eduardo Campos pediu ajuda para tocar Itaquitinga.

Firma laranja foi acionada O Centro Integrado de Ressocialização (CIR) de Itaquitinga foi projetado por Eduardo Campos para ser o complexo prisional de Pernambuco.

O presídio teria 104.000 metros quadrados e 15 pavilhões com capacidade para 3.500 presos com acesso a trabalho e ensino. » PSB diz que vai atuar para que honra de Eduardo Campos não seja maculada » “Tratativas eram diretamente com Eduardo Campos”, diz delator da Odebrecht » Jantar de Marcelo Odebrecht para Eduardo Campos custou R$ 7,6 mil O então governador Eduardo Campos pretendia apresentar o CIR como uma grande conquista do seu governo e um modelo a ser seguido pelo sistema prisional em todo o Brasil.

Eduardo Campos escolheu fazer a obra pelo sistema de parceria público-privada (PPP).

A obra teria 70% dos 350 milhões de reais custeados pelo governo, com ajuda federal do BNB. » Delator da Odebrecht diz que foi procurado por Eduardo Campos sobre Arena Pernambuco » Petroquímica Suape: delator da Odebrecht citou propina a Humberto Costa » Odebrecht pagou R$ 95 milhões em propina por Petroquímica Suape, dizem delatores Em 2012, a construção foi paralisada por suposta incapacidade financeira da empreiteira Advance.

O Ministério Público Federal em Pernambuco apura desvios em um inquérito sigiloso.