O patriarca do grupo Odebrehct, Emílio Odebrecht, fez a maior delação premiada fechada nesses três anos de investigação da Operação Lava Jato.

Ele dividiu com a imprensa e o Ministério Público a culpa pelo mega esquema de corrupção e lavagem de dinheiro existente dentro da empreiteira, que entre 2006 e 2014 pagou US$ 3,3 bilhões de propinas e caixa 2 a políticos, partidos e agentes públicos.

Emílio afirmou que a imprensa sabia do esquema. “A imprensa toda sabia de que efetivamente o que acontecia era isso.

Por que agora estão fazendo tudo isso?

Por que não fizeram isso há 10, 15, 20 anos atrás?

Porque tudo isso é feito há 30 anos”, afirmou Emílio Odebrecht, em sua delação premiada número 1.

LEIA TAMBÉM » Emilio Odebrecht diz que Lula agiu para ampliar crédito em US$ 1 bi em Angola » Emílio Odebrecht fala em repasses para campanhas de FHC » Emílio Odebrecht diz que caixa dois sempre existiu na empresa A Lava Jato foi deflagrada em março de 2014 e iniciou investigando o crime de lavagem de dinheiro e familiares do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010.

O caso do ex-deputado envolvia pouco mais de R$ 1 milhão, e chegou ao maior esquema de corrupção sistemâtico já descoberto pelo Ministério público brasileiro.

Um cartel formado pelas maiores empreiteiras País, entre elas a Odebrecht, que teria desviado em conluio com políticos da base dos governos Lula e Dilma mais de R$ 40 bilhões da Petrobrás, em dez anos.

O filho do patriarca e presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi preso em junho de 2015, quando levou Emílio a buscar um acordo de delação premiada, em 2016, que envolveu 78 executivos e ex-executivos da empresa.

Nos depoimentos, tornados públicos por meio da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que divulgou os vídeos, eles confessaram ter pago US$ 3,3 bilhões em propinas via um departamento de propinas montade na própria empresa e chamando de Setor de Operações Estruturadas.

Os pagamentos eram feito em dinheiro vivo para políticos do PT, PMDB, PSDB e praticamente de todas as legendas brasileiras, em troca de favores no Congresso, na União. » Emílio Odebrecht jamais ouviu dizer que ‘Italiano’ era Palocci, afirma Batochio » Odebrecht pagou R$ 95 milhões em propina por Petroquímica Suape, dizem delatores » Para pressionar Dilma, Odebrecht enviou documentos sobre caixa dois “O que me entristece é que existem…, não vocês jovens”, disse Emílio. “Chefe, os da minha geração, eu não aceito essa omissão", afirmou.

O delator disse acreditar que “todos deveriam fazer uma lavagem de roupa nas suas casas, sobre o que a gente pode fazer”. “A própria imprensa sabia disso tudo e fica agora com essa demagogia", completou.

O primeiro depoimento de Emílio foi tomado no dia 13 de dezembro de 2016.

Corrupção institucionalizada Segundo o delator, “tudo que está acontecendo era um negócio institucionalizado, era uma coisa normal”. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de 5 anos, de 10 anos, estamos falando de 30 anos", disse.

Emílio afirmou que políticos e partidos sempre se interessaram nos “orçamentos gordos”. “Em função de todo esse número de partidos, onde eles brigavam, eram por que?

Por cargos?

Não, todo mundo sabia que não era, era por orçamentos gordos.” » Após encontro com Marcelo Odebrecht, Marina Silva recebeu doação de R$ 1,25 mi » Eduardo Campos recebeu R$ 5 milhões em propina da Odebrecht, dizem delatores O patriarca da mega delação da Odebrecht afirmou que os partidos “colocavam seus mandatários” em cargos estratégicos do governo “com a finalidade de arrecadar recursos para os políticos”. “E isso, é há 30 anos que se faz", declarou.

O delator disse que o fato não “exime em nada” a responsabilidade da empresa nem “a benevolência” e o fato de passarem a “olhar isso como normalidade”. “Porque, 30 anos, é difícil as coias não passarem a ser normais", disse. “O que me surpreende, e eu procurei colocar de uma forma muito clara, mas quero ter a oportunidade de se enfatizar, o que me surpreende é quando veja todos esses Poderes e a imprensa, como se isso fosse uma surpresa.

Olha, me incomoda isso", completou.

Com informações do portal Estadão