Às vésperas da Páscoa, é grande a procura pelos ovos de chocolate.
A venda deverá movimentar R$ 2,8 bilhões em vendas este ano, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Aproveitando a época, 30 internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua, no Pará, foram capacitadas com o curso de ovos de páscoa, em parceria com a Casa do Sorveteiro.
Uma culinarista foi quem ministrou o treinamento com as detentas.
O curso teve como intenção proporcionar uma capacitação, ocupação e melhora na autoestima das reeducandas.
Mãe de duas meninas, Leilane Barbosa Sales já se imagina fazendo ovos de chocolate com as filhas. “Tirei várias dúvidas sobre como se faz os ovos de páscoa, vi demonstrações de como se faz os bombons, foi muito legal.
Agora eu só penso em fazer e me divertir junto com as minhas filhas quando estiver lá fora”, disse a interna.
Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Já a detenta Joice Gonçalves de Souza, 33, pensa em um novo produto para o seu ponto de venda quando terminar de cumprir a sua pena. “Eu achei ótimo.
Lá fora a gente trabalha e não tem tempo pra fazer cursos.
Eu tinha um mercadinho e quando sair vou vender lá mesmo os bombons de chocolate”, garante.
Para a culinarista Lúcia Sarmanho, o curso poderá mudar o futuro de muitas detentas. “Chocolate é uma terapia e tenho certeza que vai diminuir e muito o sofrimento delas em estar encarceradas.
Se elas seguirem as dicas que foram dadas, poderão ter um futuro diferente e até mesmo construir uma cooperativa de bombons regionais”, ressaltou.
Todo o material produzido será doado ao Serviço de Acolhimento Institucional Infantil que abriga crianças em situação de vulnerabilidade social em Belém.
As internas irão organizar um café da manhã especial para as crianças.
Detentos também entraram na onda dos ovos de chocolate Foto: Sesipe / Divulgação Na Carceragem de Parauapebas, no sudeste do Pará, um curso de processamento de chocolate foi realizado com 25 detentos.
Com carga horária de 40 horas-aulas, os internos conheceram os melhores chocolates para trabalhar, como fazer pirulitos, bombons regionais e os tradicionais ovos de chocolate tradicional, além de cuidados com a higiene para o manuseio dos produtos, melhores horários para a produção, tempo de refrigeração, dicas para o ponto ideal, produção do recheio e embalagem do produto, além de técnicas de marketing e vendas.
Marquejanes da Silva Moura, de 35 anos, trabalhava como pizzaiolo quando estava em liberdade e na sua casa quase sempre era o responsável pelas refeições. “Eu achei ótima a iniciativa e a cada dia a gente aprende mais. É bom também porque quem tá lá fora pensa que aqui só tem gente que não presta e improdutiva, e não é bem assim.
A gente tá aprendendo pra quando sair sermos pessoas melhores”, afirmou.
A instrutora do curso Dinair Lima Silva alerta para a venda de chocolates durante todo o ano e não apenas no período da páscoa. “O curso dá a possibilidade para eles entrarem no mercado de trabalho, sustentar a família e não voltar pro mundo do crime.
O período da páscoa é excelente para as vendas de ovos, seja o tradicional ou o recheado, mas depois podem investir nos bombons caseiros com diversos recheios como beijinho, brigadeiro e cupuaçu, e eles aprenderam como se faz todos eles.
Todos estão aptos para trabalhar com o chocolate.
Com apenas vinte reais já é possível começar um bom negócio”, ressaltou.
Confira a imagem da produção dos detentos: Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação Foto: Susipe / Divulgação - Foto: Susipe / Divulgação O detento César Lima Nonato disse ser fácil a produção, e que o difícil mesmo é conter a vontade de comer. “O problema maior é eu não comer.
Lá fora eu chegava a comprar 30 bombons pra mim, só não sabia que dava pra ganhar um bom dinheiro.
Agora eu sei que gasta pouco e tem um lucro bom.
Quando sair daqui dá pra começar uma vida diferente. É barato e dá pra ganhar um dinheiro honestamente. É uma oportunidade de trabalhar até conseguir algo melhor, e quando estiver trabalhando, dá até pra conciliar”, afirmou.
O diretor da carceragem, Murilo Souza, diz que aposta em cursos de capacitação para dar aos custodiados uma nova oportunidade de vida e ajudar as famílias que ficaram do lado de fora. “Os cursos são importantes por estar ocupando a mente deles, profissionalizando e dando a chance de quando eles estiverem em liberdade trabalharem por conta própria para garantir o sustento da casa.
Enquanto eles não saem, fazemos este trabalho e procuramos parcerias para que eles gerem renda mesmo estando presos.
Toda a renda arrecada é dada para a família e um percentual é usado para a compra dos materiais utilizados por eles para a produção”, explicou.
Segundo a Susipe, na cidade já existem interessados para a compra dos ovos de Páscoa.
A Pastoral Carcerária, ligada a Igreja Católica já fez a encomenda dos ovos de chocolate que serão doados a crianças carentes. “Este é o nosso objetivo: ver o interno como uma pessoa que possui direitos e que é capaz de produzir, e os resultados estão sendo ótimos”, destaca o parceiro e representante do Senar e do SIPRODUZ, Aécio Leite.
O curso, que terminou no último dia 7 de abril, foi promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas (Siproduz), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe).
Este já é o segundo curso realizado na unidade, o primeiro foi de panificação.
As aulas acontecem nas dependências da carceragem.
Com informações da Susipe