Estadão Conteúdo - O relatório sobre a reforma trabalhista, do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que deve ser apresentado na quarta-feira (12) mexerá em 100 pontos da septuagenária Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “É uma modernização da legislação trabalhista que estamos fazendo”, afirmou o deputado O projeto dá força de lei aos acordos coletivos negociados entre empresas e trabalhadores em vários pontos.

Entre eles, permite que sindicatos e empresas negociem jornadas de até 12 horas diárias, desde que respeitado o limite de até 48 horas por semana (contabilizando horas extras).

O projeto propõe ainda que patrões e empregados negociem o trabalho remoto (fora do ambiente da empresa), remuneração por produtividade e registro de ponto.

LEIA TAMBÉM » Reforma trabalhista recebe 844 emendas » Em reunião com ministro, Maia diz que reforma trabalhista será votada ainda em abril » Temer diz que vai aprovar reforma trabalhista no Congresso em breve O relator afirmou também que vai manter no relatório a regulamentação do trabalho intermitente - que permite jornadas inferiores a 44 horas semanais - e o fim da obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical.

Marinho disse que o relatório também vai contemplar ao menos duas salvaguardas ao trabalho terceirizado que não constavam do projeto aprovado pela Câmara e sancionado pelo presidente Michel Temer.

Uma das proteções que serão colocadas é restringir que empresas demitam seus funcionários e os recontratem na sequência como terceirizados.

A proibição valerá por 18 meses. “Isso afasta qualquer acusação de que a terceirização poderia servir para uma mera troca de modelos de contratação”, diz Marinho. » Comissão da reforma trabalhista discute trabalho temporário » Deputado do PSB também critica reforma trabalhista de Temer A outra salvaguarda deve garantir aos terceirizados os mesmos serviços de alimentação, transporte, segurança e atendimento médico dos contratados diretamente.

Em seu parecer, Marinho pretende incluir uma série de mudanças na CLT relacionadas aos direitos das mulheres.

Uma delas é permitir que grávidas e lactantes possam trabalhar em locais insalubres, desde que apresentem um atestado médico.

Hoje, isso é proibido hoje pela legislação trabalhista. “Se não fizermos isso, não vai ter mais mulher trabalhando nos hospitais”, exemplificou.

Marinho também vai propor a exclusão do artigo da CLT que diz que mulheres não podem entrar com ações trabalhistas sem autorização do marido e o que proíbe mulheres acima de 50 anos de parcelar as férias. » Reforma trabalhista será a segunda que governo ‘seguramente’ realizará, diz Temer Críticas Para a oposição, as mudanças que serão propostas por Marinho poderão prejudicar o trabalhador. “Mexer em 100 pontos da CLT é simplesmente propor a revogação da CLT.

Isso é inaceitável em uma conjuntura como essa, em um momento de forte desemprego, quando o trabalhador está em fragilidade maior”, criticou o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Mudanças que precisam passar pelo Congresso. » Câmara tende a mudar reforma trabalhista Regra poderá ser aplicada em 12 casos específicos: 1.

Parcelamento do gozo das férias anuais em até três vezes, com pagamento proporcional, desde que um dos períodos corresponda a pelo menos duas semanas de trabalho ininterruptas. 2.

Jornadas de trabalho diferentes de 8 horas por dia, desde que respeite limites de 12 horas em um dia, 44 horas por semana (ou 48 horas, com horas extras) e 220 horas mensais. 3.

Parcelar o pagamento da PLR. 4.

Regulamentar as horas extras nos casos em que o empregado se desloca usando transporte da empresa. 5.

Intervalo de almoço, respeitando mínimo de 30 minutos. 6.

Ingresso no PSE. 7.

Dispor da ultratividade. 8.

Horas que excederem a jornada normal poderão ser convertidas em banco de horas com acréscimo de no mínimo 50%. 9.

Trabalho remoto. 10.

Remuneração por produtividade. 11.

Registro da jornada de trabalho. 12.

Plano de cargos e salários.

Contrato temporário de trabalho A proposta estabelece um período de 120 dias, prorrogável uma vez por igual prazo.

Se esse máximo for excedido, o contrato passa a ser por tempo indeterminado.

Hoje, são permitidos contratos por 90 dias. » Câmara dos Deputados começa debate com centrais sindicais sobre reforma trabalhista Contrato de jornada parcial de trabalho O texto substitui a modalidade atual de até 25 horas semanais sem hora extra por outras duas opções.

Uma delas é a de contrato de até 30 horas semanais, sem horas extras.

Outra é fixar até 26 horas semanais, com até 6 horas extras, pagas com acréscimo de 50% sobre a hora normal.

A medida ainda vai estabelecer férias de 30 dias para todos.

Hoje, os contratos parciais dão só 18 dias.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.