O ministro das Cidades, Bruno Araújo, foi acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir em defesa dos interesses da Odebrecht no Congresso Nacional.

Ele é deputado federal pelo PSDB de Pernambuco e foi um dos principais articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), sendo o voto decisivo para a abertura do processo.

A informação está no despacho assinado pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), divulgado pelo Estadão nesta terça-feira (11).

Janot afirmou à Corte que há indícios dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

LEIA TAMBÉM » Fachin manda investigar nove ministros e 71 parlamentares; saiba quem são os pernambucanos » Já denunciado antes, Fernando Bezerra é acusado de receber da Odebrecht em 2010 A acusação contra Bruno Araújo foi baseada nas delações de quatro ex-executivos da empreiteira - João Antônio Pacífico Ferreira, ex-diretor do grupo no Nordeste; Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que também baseou a denúncia contra o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE); Luiz Eduardo da Rocha Soares; e Cláudio Melo Filho, com quem o ministro mantinha relação de amizade, como revelou em entrevista no programa Resenha Política. » Jarbas diz que doações foram dentro da lei.

FBC não foi notificado » Humberto Costa diz que abre mão de sigilos e aguarda documentos Os delatores afirmaram que, diante da influência do tucano como parlamentar, a Odebrecht decidiu manter “boa relação” com ele.

Os ex-executivos afirmaram que foram realizados vários repasses financeiros em 2010, ano de campanha nacional, e 2012, de eleições municipais.

Os repasses não teriam sido contabilizados e, segundo os colaboradores, foram pagos pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, o setor de propinas.

O valor total que teria sido recebido por Bruno Araújo seria de R$ 600 mil. » Novo delator confirma R$ 10 milhões a Sérgio Guerra para abafar CPI » ‘Não somos da polícia’, disse Sérgio Guerra ao cobrar R$ 10 milhões para barrar CPI Em nota, o ministro afirmou: “de acordo com a legislação eleitoral, solicitei doações para diversas empresas, inclusive a Odebrecht, como já foi anteriormente noticiado.

O sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações.

Mantive uma relação institucional com todas essas empresas.

Em todo o meu mandato, sempre atuei em prol de interesses coletivos.

Atuei de acordo com a minha consciência.”