Chamado de “Drácula” nas planilhas da Odebrecht, o senador Humberto Costa (PT-PE), líder da oposição, foi acusado por delatores de receber R$ 591.999 para favorecer a empreiteira em contrato da empreiteira com a Petrobras.

A licitação foi a do chamado projeto PAC SMS, o Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde da estatal.

A informação está no despacho do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizando a investigação do petista.

De acordo com o documento, os delatores mencionaram uma reunião da qual teriam participado o presidente Michel Temer (PMDB) e os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cassado no ano passado, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-AL).

O encontro teria sido no dia 15 de julho de 2010.

LEIA TAMBÉM » Fachin manda investigar nove ministros e 71 parlamentares; saiba quem são os pernambucanos » Humberto Costa diz que abre mão de sigilos e aguarda documentos Um depoimento anterior de Márcio Faria da Silva, ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, braço da empreiteira responsável por obras industriais no Brasil e no exterior, já havia revelado informações sobre a reunião.

Faria é um dos delatores cuja delação foi considerada no despacho, além de Marcelo Bahia Odebrecht, herdeiro do grupo; Rogério Santos de Araújo; César Ramos Rocha; Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho; e Luiz Eduardo da Rocha Soares. » Delatores acusam ministro das Cidades de favorecer Odebrecht no Congresso » Janot diz que Odebrecht teria dado R$ 2 milhões a Jarbas Vasconcelos para campanha ao governo em 2010 » Já denunciado antes, Fernando Bezerra é acusado de receber da Odebrecht em 2010 Segundo os delatores, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-presidente da Petrobras Graça Foster tinham conhecimento dos fatos.

O ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral, cassado no ano passado e hoje sem partido, também é citado e, de acordo com os colaboradores, tinha o nome de “Ferrari” nas planilhas.

Os ex-executivos da Odebrecht relataram que houve a solicitação de vantagem indevida por agentes públicos vinculados à Petrobras como contrapartida. “São narradas, nesse contexto, reuniões entre representantes do Grupo Odebrecht e da Petrobras S/A, que culminaram na solicitação de 3% (três por cento) do valor do contrato caso a Odebrecht lograsse êxito no processo licitatório, sendo que, posteriormente, teriam sido empregados meios para frustração ou redução do caráter competitivo do certame”, diz o documento assinado por Fachin. » Relator da reforma política diz que tem a consciência tranquila » Jarbas diz que doações foram dentro da lei.

FBC não foi notificado Em nota, a assessoria de Humberto Costa afirmou que “já abriu mão de todos os seus sigilos”.

O senador diz também que “aguarda ter acesso aos novos documentos para reunir as informações necessárias à sua defesa”.

Em nota, o petista ainda enfatizou que aguarda a conclusão de um inquérito que tramita na Corte há mais de dois anos. “E para o qual a Polícia Federal já se manifestou em favor do arquivamento”, frisou.

O processo a que o petista se refere é o que teve como base o depoimento de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que acusou Humberto de ter sido beneficiário de R$ 1 milhão para sua campanha eleitoral em 2010.

A PF afirmou em agosto do ano passado que as investigações não conseguiram comprovar que o parlamentar recebeu vantagens indevidas.