Durante uma entrevista exclusiva com a BBC Brasil, o juiz federal Sérgio Moro reconheceu vazamentos em delações de executivos da Odebrecht na operação Lava Jato e afirmou que investigá-los “é quase como se fosse uma caça a fantasma”.

Moro também afirmou que a investigação de vazamentos ilegais de depoimentos de investigados à imprensa “fica comprometida por questões jurídicas”, como o direito ao sigilo de fontes de jornalistas e a liberdade de imprensa, garantidos pela Constituição.

A defessa do presidente Michel Temer na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer refente as eleições de 2014, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que anulasse as oitavas da Odebrecht, inclusive a do herdeiro da empreiteira, Marcelo Odebrecht, alegando que o TSE só teria convocado executivos da empreiteira para depoimento após o vazamento ilegal do conteúdo da delação feita como parte da Lava Jato.

LEIA TAMBÉM » Ampla defesa não vai ao extremo de exigir milhares de documentos, diz Moro a Lula » Moro interroga Odebrecht na ação contra Palocci » Lula diz que Moro cumpre ‘papel importante’ e que está ‘ansioso’ para depor Por sua vez, o ex-presidente Lula enviou uma petição ao comitê de direitos humanos da Organizações das Nações Unidas (ONU), alegando que a operação responsável por Moro busca a “destruição de reputação através de vazamentos ilegais de documentos e depoimentos à mídia”.

Moro afirma que investigar jornalistas e veículos que publicaram conteúdos vazados “seria contrário a proteção de fontes, à liberdade de imprensa”.

Segundo o juiz, isto ele não faria. » Moro condena Eduardo Cunha a 15 anos de reclusão por três crimes na Lava Jato » Sérgio Moro dá 5 dias para PF se manifestar sobre suposto vídeo de condução coercitiva de Lula Quando questionado sobre o caso do blogueiro Eduardo Guimarães, que teve seus bens apreendido no mês passado, durante uma investigação do suposto vazamento de mandado de condução coercitiva do ex-presidente Lula, no ano passado, Mordo disse que é “difícil” definir o que é um jornalista.

Durante a entrevista, o magistrado negou qualquer conflito ético nas fotos em que aparece sorrindo ao lado do senador Aécio Neves (PSDB), que tem foro privilegiado, um dos delatados pelos executivos da Odebrecht e é um dos investigados pela Lava Jato. » Moro põe em sigilo depoimento do patriarca da Odebrecht “Olha, não tenho nenhum processo do senador na minha responsabilidade porque ele tem foro privilegiado e não foi tratado sobre assuntos relativos ao processo, evidente”, declarou.