O senador baiano Otto Alencar (PSD) voltou a defender a revitalização do Rio São Francisco no estado onde ele foi eleito e em Minas Gerais, em pronunciamento no Senado nessa quarta-feira (5).
Desta vez, além de criticar a Transposição do Rio São Francisco sem essa obra, foi além e defendeu que nenhum dos senadores do Nordeste deveria votar matérias de interesse do governo Michel Temer (PMDB) sem que o projeto fosse iniciado. “Há algum tempo, não voto e não votarei absolutamente nada que o governo deseje, a não ser aquilo que é de interesse do Brasil e do povo brasileiro, enquanto não começar a revitalização”, afirmou. “E os 27 senadores do Nordeste deveriam tomar essa mesma decisão.” Da base aliada, o parlamentar ponderou, porém, sobre a culpa de Temer para a obra não ser realizada. “Não é responsabilidade do presidente Michel Temer, mas chamo a atenção e faço um apelo, para que ele tome essa iniciativa, porque foi irresponsabilidade de outros tantos presidentes da República – da revolução, depois, da redemocratização e de todos aqueles que viram o rio morrendo e não tomaram providência”, disse. “Ele só está há oito meses no governo; já pegou a coisa pronta, acabada, com erosão, com assoreamento, com desmatamento, enfim, com todas as lesões graves que o Rio São Francisco tem.” LEIA TAMBÉM » Transposição: eixo leste chega à capacidade máxima, diz ministério » Temer inaugura Transposição, mas moradores de Monteiro agradecem a Lula » Ministério vai estudar uso de energia eólica e solar na Transposição Para não criticar só o aliado, Otto Alencar iniciou o discurso dizendo que defende a revitalização desde 2003, quando Lula (PT) assumiu, mas que parece que fala a “passarinhos”.
Para ele, deve ser feita a desobstrução da calha do rio e a replantação das matas ciliares. “Não é muito dinheiro, não; dá para se fazer a revitalização com a metade do dinheiro que se gastou na transposição”, disse.
O senador ainda criticou a visita do petista e da ex-presidente Dilma Rousseff a Monteiro, na Paraíba, primeira cidade a ser atendida pela água do ‘Velho Chico’.
Os dois foram cobrar a paternidade da obra uma semana depois da inauguração feita por Temer. “Ao contrário da festa do batizado da transposição do Rio São Francisco para a Paraíba, já deveriam começar a colocar as cruzes nos seus afluentes que já secaram em Minas Gerais e já secaram na Bahia.
O Rio São Francisco é formado pelas águas produzidas em Minas, 75%, e na Bahia, 25%.
Só que, tanto em Minas Gerais como na Bahia, vários dos seus afluentes já estão sem produzir absolutamente nenhuma gota d’água para a calha”, afirmou. “Quando estiver no volume morto, vão jogar R$9 bilhões fora com a transposição.”