A onda global de publicação de notícias falsas (fake news) na internet está provocando a reação de grandes anunciantes do mundo, sobretudo nos Estados Unidos e Europa.
Google e YouTube estão sendo boicotados.
A grande preocupação de empresas como Walmart, General Motors (GM), Johnson & Johnson, Verizon, AT&T, PepsiCo e FX Networks e ter a marca associada a sites, blogs e outros materiais online que divulgam mentiras e propagam ideias extremistas e de intolerância.
No último dia 27, o jornal Meio & Mensagem divulgou que Associação Nacional de Anunciantes (ANA), dos Estados Unidos, emitiu comunicado na sexta-feira, 24, pedindo que seus membros, inclusive as empresas citadas acima, suspendam publicidade em sites das plataformas Google e YouTube, ambas do mesmo grupo. “A preocupação de vocês com o bem-estar das marcas é racional, apropriada e justificada”, respondeu Bob Liodice, CEO da ANA, em comunicado.
Ainda no Meio & Mensagem, o Walmart, maior grupo varejista do mundo (no Nordeste, é dono do Bompreço), afirmou que a situação é grave: “o conteúdo com o qual estamos sendo associados é contra os valores da nossa empresa”, disse. “Pedimos ao Google para corrigir essa situação imediatamente e iniciamos um processo para remover todos os anúncios das plataformas de busca”, disse a empresa.
A PepsiCo, gigante do setor de bebidas e alimentos, disse, também em comunicado, que está “profundamente preocupada que sua marca tenha aparecido ao lado de vídeos que promovem ódio e ofensas”.
O movimento de boicote começou na Europa.
O Guardian, um dos principais jornais do mundo, publicou matéria informando que anúncios de várias marcas conhecidas estariam sendo veiculados em páginas extremistas.
O caso fez com que grandes nomes da publicidade mundial se manifestassem contra o Google e YouTube.
Reunidos pela Havas e outras agências de publicidade, grandes marcas, como a varejista Marks & Spencer, Argos, BBC, Domino’s Pizza, o próprio Guardian, Hyundai, Royal Mail e Sainsburys, aderiram ao boicote.
A polêmica chegou ao Brasil.
A Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) emitiu uma nota afirmando que tem a expectativa de que os acontecimentos internacionais contribuam para que as empresas reconsiderem suas atitudes e práticas de transparência. “O momento é uma excelente oportunidade para o digital demonstrar o compromisso de sua operação não apenas com a sua audiência em geral, mas também com anunciantes e as agências de publicidade.” Falando com exclusividade ao Meio & Mensagem o Google se defendeu.
Allan C Thygesen, presidente da empresa para as Américas, comentou assunto. “Desapontamos grandes anunciantes no Reino Unido.
Todas as medidas anteriores não estavam boas o suficiente e estamos anunciando novas ferramentas para aprimorar nosso sistema de segurança e permitir que os anunciantes estejam mais seguros ao veicular anúncios em nossas plataformas”, disse Allan.
O executivo explica que os anúncios veiculados em vídeos de conteúdo ofensivo no Reino Unido e os views que eles geraram são pequenos em números absolutos, mas representam um ponto de muita atenção para a empresa.
Em meio a tanta controvérsia envolvendo mídia, propaganda e a importância das marcas, chamou atenção uma declaração do publicitário Nizan Guanaes, um dos mais publicitários mais premiados do Brasil.
Ele destacou que, ontem, dia em que a legalidade do Uber foi discutida no Congresso, a empresa, que nasceu e opera digitalmente, recorreu a vários anúncios da tradicional mídia impressa com o objetivo de mostrar sua versão. “Quando o digital precisa de concretude nesse mundo de pós-verdades e de pombos, ele vai de mídia impressa”, escreveu Nizan.