Estadão Conteúdo - Líder do maior partido do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) declarou que, se continuar como está, “o governo vai cair para um lado e o PMDB para o outro”.

Em conversa reservada com jornalistas, nesta terça-feira (4) Renan destacou que “o governo é temporário”, diferentemente da legenda, “que já prestou relevantes serviços para o País e vai continuar prestando”. “Com o governo do deputado cassado Eduardo Cunha eu já rompi, vou aguardar o próximo”, ironizou.

LEIA TAMBÉM » Em audiência sobre abuso de autoridade, Renan volta a alfinetar Temer » Temer rompe com Renan depois de senador voltar a atacar propostas do governo Renan voltou a criticar as principais medidas econômicas defendidas pelo governo. “O PMDB vai ter de patrocinar as reformas vindas do Planalto sem discutir?

Se continuar assim, vai cair o governo para um lado e o PMDB para o outro. É uma questão política, não é pessoal”, reforçou.

Renan considera que a votação da reforma da Previdência no Senado só deve ocorrer no segundo semestre. “Se chegar”, ponderou, considerando que a matéria não seja nem sequer aprovada na Câmara.

Apesar de ter subido o tom contra o governo nas últimas semanas, Renan disse que a temperatura está “normal”. “É quente assim mesmo”, brincou.

Ele afirmou que desde que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) assumiu, no ano passado, deixou claro que “não dava para diminuir a inflação agravando a recessão” e que está apenas mantendo a sua coerência. “Não se trata de quantos senadores estão com Renan, e sim quantos apoiam as divergências sobre as medidas do governo”. » Renan publica vídeo em redes sociais com novas críticas ao governo » Eleições fazem Renan virar aliado de Temer com discurso de oposição Ele voltou a comparar a atual gestão com o período em que a seleção brasileira era treinada por Dunga. “O Brasil está cobrando que o governo parece mal escalado.

O governo como está parece a seleção do Dunga.

Queremos a seleção do Tite para dar a escalação do País”, comentou, referindo-se ao atual técnico.

Renan avalia que “o governo está errando ao aumentar impostos e ao reonerar”. “Não precisa mudar o técnico, nem o time, apenas aproveitar melhor os que estão aí”, continuou.

Na noite desta terça-feira, Renan organiza um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) com a bancada do PMDB em busca de apoio no embate que trava com o Palácio do Planalto contra a condução das reformas econômicas.

Segundo o peemedebista, o objetivo será “construir convergências” com os parlamentares. “A senadora Kátia costuma servir aratu.

Vai ser maravilhoso”, disse o líder da bancada sobre o encontro.

Eleições 2018 Renan afirmou não ter “absolutamente nenhuma preocupação” com a eleição de 2018, nem com alianças políticas. “O que me preocupa é a necessidade de dar rumo à economia, ao governo, é isso que está na ordem do dia, não a eleição.

O ano de 2018 será tratado em 2018”, declarou. » Senadores do PMDB assinam documento contra sanção da terceirização » Temer tenta conter racha do PMDB Renan disse que o seu sentimento sobre o assunto é de que “conversar não arranca pedaço”. “Imagina se eu estou preocupado com candidatura ou com aliança política”, disse.

Ao ser questionado sobre uma eventual aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Renan disse que não o vê desde o velório da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em fevereiro. “Em Alagoas nós temos o governador mais popular do Brasil.

Estou dizendo isso para demonstrar que eu não tenho nenhuma preocupação com a eleição de 2018.

Não é hora de antecipar isso.

Nunca em Alagoas ninguém se elegeu três vezes senador, em 200 anos”, afirmou.

O atual governador do Estado é Renan Filho, filho do senador, que tentará reeleição.