O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, disse hoje que é falsa, irresponsável e criminosa a acusação publicada neste sábado (1) sobre a existência de uma conta bancária em Nova York em que teria recebido recursos da empresa Odebrecht.

Em entrevista coletiva, o senador tucano anunciou que apresentou hoje uma petição eletrônica ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, solicitando acesso à íntegra da delação do ex-diretor da Odebrecht Benedicto Júnior e a apuração sobre o vazamento.

Ao lado do ex-presidente do STF Carlos Velloso e do ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira, seus advogados, Aécio Neves declarou-se indignado com a denúncia publicada pela revista Veja que cita a existência da suposta conta.

A acusação foi negada na noite de ontem pelo advogado do delator, Alexandre Wunderlich, por intermédio do advogado de defesa do senador, Albert Toron.

Aécio cobrou a apresentação de provas, como o número da conta e o nome do banco, e se dispôs a apresentar uma procuração para que essa investigação ocorra. “É uma afirmação falsa, irresponsável e criminosa porque isso não existe.

Nem em Nova York, nem em outra parte dos Estados Unidos, em nem em qualquer outra parte do mundo.

O que me interessa é a verdade.

E, por isso, estou peticionando, hoje ainda, ao ilustre ministro [EDSON]Fachin, do STF, para que ele me permita acesso imediato à delação desse cidadão, do sr.

Benedicto Junior, para que possamos saber o que ali consta, para que eu possa exercer o meu direito constitucional à defesa, e disso eu não posso abrir mão”, disse o senador.

Sobre a reportagem publicada na revista, o senador disse: “Propus aos editores que solicitassem ao repórter que fazia a apuração que trouxesse o nome do banco a qual eventualmente essa delação se referia, para que aí sim, pudéssemos, juntos - e eu me dispus a franquear uma procuração -, para que, identificado o banco, pudesse ali saber se existe ou não uma conta sob a responsabilidade de alguém da minha família ou próxima a mim.

Essa reposta não veio”, disse o senador.

Vazamentos parciais e ilegais O ex-presidente do STF Carlos Velloso leu nota assinada por Alberto Toron, que teria se certificado com o advogado de Benedicto Júnior de que a delação de seu cliente não menciona a existência da conta. “Reitero por escrito - e para não deixar dúvidas - que o advogado Alexandre Wunderlich me disse ao telefone, ontem, que não havia qualquer referência à irmã do senador Aécio Neves na delação de seu cliente Benedito Junior e, tampouco, a nenhuma conta pretensamente mantida por ela em banco da cidade de Nova Iorque”, disse o texto de Toron, lido por Velloso.

O ex-presidente do STF destacou que é necessário que haja investigações sobre o vazamento de documentos que precisam estar sob sigilo. “É importante que o Ministério Público mande apurar com rigor esses vazamentos.

E principalmente esses vazamentos que não correspondem à realidade dos fatos.

Penso que é hora de o Ministério Público adotar providências severas para apurar esses vazamentos selecionados, vazamentos que querem atingir a honra e a reputação de pessoas honestas”, destacou.

O ex-procurador geral da República Aristides Junqueira destacou que o vazamento de delações que estão sob sigilo e guarda da Justiça constitui crime e, tendo ocorrido, precisa ser apurado com rigor. “O Código Penal prevê como crime a violação de sigilo.

Se os processos são sigilosos, se uma colaboração premiada, que eu prefiro chamar de delação premiada, é sigilosa, que se cumpra o sigilo.

E que, se violado esse sigilo, é obrigação do Ministério Público investigar, apurar a autoria e denunciar na Justiça.

Isto é também cumprir a lei.

Cumprir a lei pela metade não me parece o ideal de Ministério público.

E eu quero um Ministério Público forte, mas quero um Ministério Público forte e prudente, e cumpridor das suas obrigações na sua integralidade”, afirmou Junqueira.