Paraibano de Catolé do Rocha, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin usou o seu discurso nesta quinta-feira (30), no Recife, para criticar governantes que não agiram contra as consequências da seca na região Nordeste.
O ministro esteve na cidade para receber a Medalha da Ordem do Mérito Pontes de Miranda, mais alta honraria do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). “A homenagem, transfiro aos sertanejos.
Cresci ouvindo que o nordestino do semiárido, do Sertão, do Cariri é um valente, pois conseguia resistir as intemperanças da natureza.
Na verdade, muitos foram obrigados a fugir, outros tantos morreram, crianças e idosos especialmente”, afirmou. “Não pela seca em si, um fenômeno natural.
Mas pela seca de solidariedade, de justiça e de probidade dos governantes.
Neste caso, foi falta de humanidade, em vez de falta de chuva e água.” LEIA TAMBÉM » TSE define rito para o julgamento da chapa Dilma-Temer » Julgamento da chapa Dilma-Temer deve ser interrompido por pedido de vista » Gilmar Mendes abre sindicância para apurar vazamento de depoimentos da Odebrecht Mas o tom mais político da fala do ministro parou por aí.
Relator do processo contra a chapa formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), não comentou o caso - “Estou fugindo de vocês.
Não posso falar, estou em pré-julgamento”, disse aos jornalistas.
A análise do parecer de Herman Benjamin pelos outros ministros da Corte está marcada para começar no próximo dia 4.
O processo foi aberto pelo PSDB contra a chapa, acusando-a de abuso de poder político e econômico na campanha de 2014, em que foram reeleitos, vencendo o senador tucano Aécio Neves (MG).
Nas alegações finais, o partido isentou a responsabilidade de Temer, enquanto o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do peemedebista e a inelegibilidade de Dilma. » Estabilidade política tende a ser considerada no caso Dilma-Temer » MPE pede cassação de Temer e inelegibilidade de Dilma » Marcelo Odebrecht confirma caixa 2 para a chapa Dilma-Temer No discurso desta quinta-feira, o ministro usou um tom mais relaxado do que o habitual.
Houve um problema elétrico por causa de um acidente próximo ao prédio do tribunal e os ar condicionados não puderam ser ligados.
Devido ao calor, a solenidade foi em uma sala aberta e os desembargadoras não usaram as togas.
O atual presidente da Corte, Rogério Fialho Moreira, brincou, afirmando que o calor seria uma homenagem à cidade natal de Herman Benjamin, e ele respondeu que, para quem viveu em Catolé da Rocha, aquela sala parecia estar cinco graus abaixo do normal.
Para concluir, o ministro exaltou o trabalho dos juízes e atribuiu aos magistrados o papel de mudar o País.
Ao falar sobre a conservação ambiental das áreas do Nordeste, afirmou: “Temos a responsabilidade, como juízes e cidadãos, de impedir que, a pretexto de progredir economicamente, se destruam as pegadas, entre aspas, da nossa história natural e cultural e se amplie o oceano social que nos separa entre os poucos ricos e uma imensidão de pobres”.
E concluiu: “É o que a Constituição de 1988 confiou aos juízes nordestinos, todos, entre eles eu mesmo.”