Por Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB e deputada federal por Pernambuco A despeito da opinião do Ministério Público do Trabalho — que pediu veto integral ao projeto de terceirização aprovado pela Câmara dos Deputados sustentando que a proposta fragiliza os direitos dos trabalhadores —, e da opinião dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso país; a expectativa é que o presidente Michel Temer sancione nos próximos dias o PL 4.302/1998 que libera a terceirização para todas as atividades de empresas privadas e do setor público.

Não há surpresa nessa decisão de um governo ilegítimo e antipovo.

A pressão vinda de grupos como a Fiesp - um dos patrocinadores do golpe -, parece ter surtido efeito da pior forma possível.

Debaixo do proselitismo neoliberal, o governo do ilegítimo Temer e seus aliados vai conseguindo impor uma agenda que precariza a já dura vida do trabalhador brasileiro.

Ele fará de tudo para que o trabalhador - aquele que de fato, com seu suor, faz a economia das empresas e do país girar - pague a conta de uma crise econômica provocada pelo sistema financeiro internacional, e de uma crise política provocada pelos próprios golpistas.

LEIA TAMBÉM » Senadores do PMDB assinam documento contra sanção da terceirização » Senador questiona no STF projeto da terceirização » MPT pede a Temer para vetar terceirização Um estudo elaborado pela CUT afirma que os trabalhadores terceirizados trabalham 7,5% (3 horas) a mais que outros empregados e recebem 25% menos em salários.

De acordo com estudo do Dieese, há maior rotatividade no mercado de trabalho nas atividades terceirizadas.

Em 2014, o tempo médio dos contratos era de 34,1 meses (dois anos e 10 meses), enquanto nas atividades contratantes esse período era de 70,3 meses (cinco anos e 10 meses).

A remuneração média nas atividades contratantes também é distinta.

Em 2014 era de R$ 2.639 para atividades contratantes, enquanto nas terceirizadas esse valor ficava em R$ 2.021 (-23,4%).

Noam Chomsky, pensador estadunidense, em entrevista à TV Cultura em 1997, explicitou o que está por trás de medidas como essa. “Acho que o que se chama de neoliberalismo é um ataque aberto, não secreto à democracia.

O objetivo é minimizar o Estado e, ao minimizá-lo, se maximiza uma outra coisa.

O que se está se maximizando?

A tirania particular.

O Estado é a arena em que o público tem o papel, pelo menos, a princípio, de determinar a política e o setor privado não tem regras.

Quanto mais a arena pública é minimizada e o poder particular é maximizado, menos democracia se tem.” » Placar da terceirização mostra que não será fácil aprovar reforma da Previdência » Veja como os pernambucanos votaram sobre a terceirização » Aprovada terceirização em todas as atividades das empresas e ampliação do trabalho temporário Estamos diante de um momento grave da vida do nosso país.

A agenda ultraliberal que está sendo implementada retira direitos, golpeia nossa democracia e destrói o legado dos últimos governos na construção de um país menos desigual.

Votamos contra o PL da Terceirização.

Estamos na luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista que visam penalizar ainda mais o nosso povo. É preciso frear esse pacote de maldades que vem junto ao PL da Terceirização, que pretende diminuir cada vez mais a arena pública, destruindo direitos já garantidos e que foram conquistados com suor e sangue nos últimos anos, mas isso só será possível com a mobilização popular, com o apoio do povo nas ruas dizendo não à retirada dos direitos e em defesa do nosso país e do nosso futuro.