A oposição de Paulo Câmara (PSB) continua fazendo críticas a gestão do socialista sobre a demora do Estado em prestar contas das solicitações da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sobre as Organizações Sociais de Saúde (OSS).

Após a comissão de Saúde em conjunto com a Comissão de Cidadania da Casa agendar e desmarcar a audiência da última segunda-feira (27), o deputado Álvaro Porto (PSD) divulgou na tarde desta terça-feira (28), que R$ 737,1 milhões foram destinados às organizações pelo Estado em 2015.

De acordo com o deputado, que tem feito levantamento junto com instituições ligadas à saúde, o primeiro ano do governo de do socialista foi gasto mais de R$ 1 bilhão. “Somando-se aos R$ 571,6 milhões repassados como primeiro ano do governo Paulo Câmara, Pernambuco gastou mais de R$ 1 bilhão com parceiros privados sem disponibilizar informações sobre estas parcerias”, disse durante seu discurso na Alepe.

LEIA TAMBÉM » Alepe agenda nova audiência pública sobre as OSS » Oposição diz que o Estado não esclarece atuação de OSs da Saúde » Deputados repreendem Edilson Silva por convocar reunião fora do Regimento Porto afirmou que os R$ 737 milhões destinados às OSs de Saúde em 2015 é o topo de uma linha crescente de repasses que surgiu no Estado em 2015, durante o primeiro ano da segunda gestão de Paulo Câmara.

No levantamento do deputado, em 2011, as OSs receberam R$ 299.92 milhões; em 2012, o total chegou a R$ 390.97 milhões; já no ano seguinte, em 2013, o montante foi de R$ 482.50 milhões. “Por sua vez, em 2014, ano que Paulo Câmara disputou e venceu a corrida pelo Governo do Estado, o salto de repasses foi gigante.

Nada menos que R$ 709. 22 milhões foram endereçados às OSs de Saúde”, denunciou o deputado. » Edilson Silva rebate críticas de deputados sobre audiência pública Por causa dos novos dados, Porto decidiu apresentar um novo pedido de informação ao Governo do Estado.

No entanto, a solicitação será voltado para as empresas beneficiárias das subvenções. “Queremos saber quais são, a quem atendem, em que segmento atuam e por aí vai”, afirmou.

Nesta terça, o deputado atacou mais uma vez o Governo do Estado pela falta de interesse de esclarecer contratos com as OSs de Saúde. “Manobras variadas, como o cancelamento de audiências, vêm sendo feitas para que esta pauta seja excluída da Casa, o que só reforça a tese de que as OSs são uma caixa preta que o Governo resiste em abrir”, disse. “Qual a razão de tanto receio, ainda não sabemos.

Mas, certamente, as investigações em curso do Ministério Público Federal e no Tribunal de Contas do Estado poderão revelar os motivos do temor e da fuga do debate”, completou se referindo o inquérito aberto pelo Ministério Público Federal e a auditoria especial instalada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) para apurar a aplicação dos recursos públicos pelas OSs. » No Resenha Política, conselheira do TCE aponta irregularidades em OSs e Itaquitinga » Resenha Política: secretário diz que críticas às OSS são tentativa de desgastar o governo O caso chegou a criar um desconforto entre a conselheira do TCE Teresa Duere e o secretário de Planejamento e Gestão do Estado, Márcio Stefanni.

No dia 10 de março, em entrevista ao Resenha Política, a conselheira falou sobre a fiscalização das contas públicas.

Teresa apontou, inclusive, irregularidades na administração das unidades de saúde pernambucanas por organizações sociais.

Ao ser entrevistado também no Resenha Política no último dia 15 de março, o secretário saiu em defesa do modelo e disse que “há uma tentativa de criar um desgaste para a gestão socialista”.

Stefanni explicou que nessas acusações há a suposição de que a família do secretário Antônio Figueira (Casa Civil), ligada ao Imip, uma das organizações sociais, seria beneficiada. “O secretário não se intromete nos assuntos de saúde.

A saúde é tratada pelo dr.

Iran (Iran Costa, secretário de Saúde)”, afirmou. “Há um claro direcionamento ao se falar no Imip.

Por que não se fala na Santa Casa?”, questionou.

O secretário Márcio Stefanni ainda classificou o modelo de organizações sociais como “exitoso”. “Pernambuco é o único estado que licita as OSS.

São Paulo, que é tido como exemplo, aponta as OSS, é no dedo”, disse.

Ele ainda aproveitou para criticar a conselheira do TCE por falar sobre irregularidades. “Muito me estranha, no direito, que alguém que julga alguma coisa se pronuncie fora dos autos”, finalizou.