“Ai dos que fazem do direito uma amargura, e a justiça jogam no chão”. (Amós, 5,7)* Por Roberto Numeriano, em artigo enviado ao blog O retumbante fracasso da manifestação da direita escravagista, dos reacionários da velha Casa-Grande, dos coxinhas adoradores de panelas e seus cabos, demonstrou que o pato começa a murchar em todo o país.
Qual a causa disso?
Não é preciso muito esforço para responder.
Creio que a principal está no fato de que grande parcela da classe média (nas faixas C e B, e parte da A), caiu na real, pois começa a sentir na pele os efeitos do golpe dos corruptos.
A classe média é o fiel da balança dos humores políticos do país.
E é ela quem engorda ou faz emagrecer esses movimentos de rua.
Não é que a classe média tenha se tornado progressista do dia pra noite.
Ela está sem norte porque o seu órgão mais sensível, o bolso e a bolsa, começam a apertar.
Percebeu que a radicalização político-ideológica dos trouxinhentos só vai piorar a crise econômica de caráter depressivo, pois a direita sempre aposta no quanto pior melhor para corromper as estruturas políticas e desmontar o incipiente Estado do bem-estar social.
A classe média começa a perceber que é ela (e nunca os ricos sonegadores de impostos) quem já está “pagando o pato” que os picaretas do MBL, Vem pra rua e quejandos inauguraram com o apoio da Rede Globo e demais mídias reacionárias.
Também há outro fator.
O movimento esvaziou porque outra parcela dele, também integrado por parte da classe média, alcançou o objetivo que sempre buscou: tirar o PT do poder e anular as conquistas sociais e econômicas de caráter inclusivo.
Aí está a Lei do Teto orçamentário (congelando os investimentos em saúde e educação), as propostas de reforma (desmonte) da Previdência Social, e a aprovação da Lei da Terceirização Irrestrita.
Esta parcela não é apenas fascista, mas sobretudo corrupta e covarde, egoísta e autoritária.
Ela se alimenta do ódio ancestral da Casa-Grande contra a vasta nação de assenzalados que ousa levantar a voz e protestar.
Para estes hipócritas, vale roubar tudo, desde que no poder não esteja o PT e a “esquerda”.
A rua está órfã dos que gritam pela liberdade e pela nação de um povo independente.
Vamos ocupá-la no dia 31 de março.
Vamos gritar que o golpe de Estado não vai triunfar, que ele será derrotado pelas mulheres e homens que trazem nas mãos o futuro, e no peito a esperança por um pais onde prevaleça o Direito e a Justiça.
Roberto Numeriano é jornalista, cientista político e professor.
PS: A epígrafe deste artigo é uma citação bíblica colocada no documento da CNBB sobre a “Reforma da Previdência”; até agora, pra mim, o melhor texto institucional de alerta e protesto contra o criminoso projeto em tramitação no Congresso Nacional.
Ex-PCB e ex-PSOL, Numeriano vai para o PTdoB, partido de Sílvio Costa