Estadão Conteúdo - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que a pasta está fazendo os levantamentos necessários para ter informações mais precisas e tranquilizar brasileiros e consumidores de outro países de que os problemas apontados pela Operação Carne Fraca não são generalizados.

Ele teve uma reunião neste domingo (19) com o presidente Michel Temer (PMDB). “Temos um sistema muito forte, robusto e reconhecido no mercado internacional.

Ao chegar aos países de destino, todas as mercadorias são novamente fiscalizadas”, afirmou. “Vamos aproveitar para mandar a mensagem para os consumidores internos brasileiros de que não há problema nenhum nos produtos.” LEIA TAMBÉM » Temer convoca reuniões para tratar de impactos da Operação Carne Fraca » Planalto minimiza grampo que flagrou ministro na Operação Carne Fraca De acordo com o ministro, o sistema não é infalível porque é composto por pessoas.

Ele ressaltou que das 4.837 unidades de abate animal, apenas 21 estão sob suspeita, das quais três foram interditadas pela Agricultura preventivamente e as outras estão em um regime especial de fiscalização. “Isso significa que qualquer expedição dessas plantas só sairá com a presença de fiscais do Ministério da Agricultura”, afirmou.

Ele ressaltou que o governo está priorizando a transparência.

Segundo Maggi, as associações pediram rapidez nas punições. “Ninguém quer passar a mão na cabeça de quem fez coisa errada”, completou.

Os representantes do setor pecuário que também se reuniram com Temer pediram que a população seja esclarecida.

O presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, defendeu a punição de frigoríficos e fiscais envolvidos nas irregularidades apontadas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca.

Após reunião com o presidente, ministros e representantes do setor pecuário, Martins voltou a dizer que os produtores são vítimas, mas ressaltou que o Brasil tem uma boa defesa sanitária. “Temos mais de 4 mil unidades de abate no Brasil e isso aconteceu em 3 unidades.

Temos um dos melhores sistemas de fiscalização do mundo”, afirmou. “A população precisa ter certeza que está consumindo carne com a inspeção perfeita e de melhor qualidade possível”, afirmou.

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, o governo está mais preocupado com o mercado externo e não está dando explicações ao consumidor brasileiro.

Ele também ressaltou que foram apenas três frigoríficos fechados e que a grande maioria não tem problema. “As pessoas não querem mais comprar carne.

Falta explicação para todos”, afirmou.

Ele ressaltou que os mercados para a carne brasileira foram conquistados com dificuldades e que podem não querer mais comprar o produto.

Partidos e produtores europeus pedem suspensão Partidos políticos e produtores europeus pedem o fechamento das fronteiras do bloco à carne brasileira, elevando a pressão para que a Comissão Europeia adote uma medida temporária contra o produto nacional depois da revelação da fraude no setor de carnes.

O apelo vem de setores e países com uma tradição protecionista e que, por anos, vem solicitando que Bruxelas derrube um acordo com o Brasil no setor de carnes.

O jornal “O Estado de S Paulo” apurou que parlamentares e produtores de países como a Áustria, França, Polônia e Irlanda passaram o fim de semana em contato para tentar estudar a forma de incrementar o lobby e pressionar as autoridades europeias a rever seus planos de autorização de importação da carne nacional A reportagem foi informada por Bruxelas, porém, que não existiu qualquer caso de fraude registrada no comércio com o Brasil desde 2015.

Ainda assim, na Irlanda, o partido Sinn Féin foi um dos que apelaram publicamente neste domingo, 19, para o fim das importações de carnes brasileiras.

O representante do partido para temas agrícolas, o deputado Martin Kenny, alertou que o caso brasileiro revela “as condições contra as quais os fazendeiros europeus precisam competir”. “O Brasil é um dos grandes concorrentes da Irlanda pelo mercado europeu de carnes.

Mas agora vemos a dimensão do escândalo”, disse, apontando para “aditivos perigosos sendo colocados em carne de frango e carne contaminada com salmonela exportadas para a Europa”.

De acordo com o partido de oposição, o ministro da Agricultura da Irlanda, Michael Creed, precisa “imediatamente buscar uma suspensão da importação de carne do Brasil para a Europa”. “A situação é intolerável.

O governo precisa agir”, disse.

Entre os produtores, o caso também está sendo usado para justificar novas barreiras. “Vemos outro escândalo acontecendo fora das cercas da fazenda, não dentro, e mostra que precisamos ter um controle maior”, disse Edmund Phelan, presidente da ICSA, a entidade que reúne os criadores de gado da Irlanda, um dos maiores fornecedores para o mercado europeu.