Um dia antes da visita do ex-presidente Lula (PT) à Transposição do Rio São Francisco em Monteiro, na Paraíba, a vereadora do Recife Marília Arraes (PT) criticou a inauguração oficial do eixo leste da obra, feita pelo presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 10, na mesma cidade.

Em entrevista à rádio local Monteiro FM, a petista admitiu erros do partido, mas frisou que “não foi o PT que inventou a corrupção”, citando PSDB, PMDB e PSB como partidos que também têm políticos como réus em processos na Operação Lava Jato.

Prima do ex-governador Eduardo Campos e neta de Miguel Arraes, Marília iniciou a vida política no PSB, mas hoje é líder da oposição ao prefeito Geraldo Julio, um dos principais nomes do partido.

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Ninguém pode tê-la”, diz Temer sobre Transposição A água chegou a Monteiro dez anos depois do início das obras da Transposição, no início do segundo mandato de Lula, com a cerimônia em que Temer enfrentou protesto e respondeu com ironia aos manifestantes. “A inauguração que foi feita por eles foi uma farsa, foi uma tentativa que de se apropriar de uma obra que vem sendo pensada desde o Império, mas que só quem teve coragem de fazer foi o ex-presidente Lula”, disse a vereadora, mantendo o discurso petista de cobrar a paternidade do projeto. “Foi uma apropriação indébita do governo golpista de Michel Temer de uma obra que foi do governo Lula, do governo Dilma.” » Ministério vai estudar uso de energia eólica e solar na Transposição » Água da transposição pode encarecer de 8% a 10% contas em Pernambuco Marília Arraes também defendeu a candidatura de Lula em 2018. “Aprendi com o meu avô que o personalismo na política é algo muito prejudicial, mas a gente vê em Lula alguém que é capaz de mobilizar as massas e a gente precisa hoje de uma liderança”, justificou.

Apesar disso, analisou que ainda é cedo para se falar na composição da chapa. » “Transposição é um duro golpe no coronelismo político do Nordeste”, diz governador da Paraíba » Temer inaugura Transposição, mas moradores de Monteiro agradecem a Lula Lula começou um movimento para cobrar a paternidade da Transposição após visitas de Temer - que veio três vezes em três meses ao projeto - e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com quem o petista pode disputar a presidência no próximo ano.

A avaliação no meio político é de que o peemedebista e o tucano têm o objetivo de se aproximar do Nordeste a partir da obra.

Quando esteve em Monteiro para inaugurar o eixo leste, o atual presidente chegou a criticar Lula no discurso, sem citar o nome dele: “Não quero a paternidade dessa obra.

Ninguém pode tê-la.” “Mal necessário” Entre as críticas de Marília Arraes ao PMDB de Temer, uma foi retomando o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), que vai a Monteiro com Lula neste domingo (19). “Nós fomos depostos do poder assim como e pelas mesmas mãos que depuseram Arraes em 1964”, disse, lembrando o avô.

Mesmo assim, afirmou que não foi um erro do PT se aliar aos peemedebistas nas eleições. “O PT precisava de governabilidade.

Nós vivemos num sistema de presidencialismo de coalizão”, alegou. “Foi um mal necessário.” Para ela, é necessário rever o sistema político. » Novela da transposição.

Governo Temer escolhe finalmente empresa que vai concluir eixo norte » Transposição chega à Paraíba, mas ainda falta muito em Pernambuco » Temer ironiza manifestantes em Monteiro e diz que eles vão se banhar na Transposição Questionada sobre os processos em que Lula é réu na Operação Lava Jato e a corrupção dentro do Partido dos Trabalhadores, a vereadora afirmou: “Não foi o PT que inventou a corrupção.

Hoje o PSDB tem muito mais investigados do que o PT.

O PMDB, partido de Michel Temer, tem muito mais investigados do que o PT.

O PSB também tem vários réus” Ela ainda disparou: “Dilma foi uma mulher honesta tirada do poder por bandidos.

O ex-presidente Lula até agora não teve nada provado contra ele.

Houve erros?

Houve.

Mas não foi só o PT que errou.”