Pouco mais de uma semana depois da entrega do eixo leste da Transposição do Rio São Francisco em Monteiro, na Paraíba, pelo presidente Michel Temer (PMDB), o ex-presidente Lula (PT) vai à mesma cidade neste domingo (19) para cobrar a paternidade da obra em um evento que vem sendo chamado pelos petistas de “inauguração popular”.

Além de Lula, uma comitiva formada por Dilma Rousseff (PT), senadores, deputados e ex-ministros estarão no evento. É anunciada ainda a presença de Ciro Gomes, que foi ministro da Integração Nacional e pretende disputar pelo PDT as eleições de 2018, quando o líder petista também deverá se candidatar à presidência.

LEIA TAMBÉM » Visita de Lula e Dilma lota hotéis de Monteiro, na Paraíba » Marília Arraes diz que inauguração da Transposição por Temer foi uma farsa A chegada de Lula a Campina Grande, a cerca de 170 quilômetros de Monteiro, está prevista para as 11h.

De lá, o petista vai a um trecho da Transposição.

A estimativa é de que ele esteja na ponte do empreendimento às 14h.

O ex-presidente só vai discursar em uma estrutura montada no Centro de Monteiro, por volta das 16h.

Trecho da Transposição em Monteiro (Foto: Jamildo Melo/Blog de Jamildo) Ele e Dilma, que ainda recebem durante a visita a Medalha Epitácio Pessoa, honraria da Assembleia Legislativa da Paraíba, vão dormir em Campina Grande. » Ministério vai estudar uso de energia eólica e solar na Transposição » Água da transposição pode encarecer de 8% a 10% contas em Pernambuco A rede hoteleira de Monteiro, que tem 2,5 mil leitos, já está com todas as vagas preenchidas.

A expectativa do Instituto Lula é de que cerca de 10 mil pessoas participem do ato político. » “Transposição é um duro golpe no coronelismo político do Nordeste”, diz governador da Paraíba » Novela da transposição.

Governo Temer escolhe finalmente empresa que vai concluir eixo norte O ato político está sendo organizado também pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).

Em discurso ao lado de Temer, durante a inauguração oficial desse eixo da Transposição, o socialista dsse que, por dever de Justiça, deveria citar Dilma.

Ele argumentou que ela era responsável por 70% dos pagamentos desta obra. “É preciso relembrar, não podemos deixar de citar Lula, que iniciou a obra, e o povo nordestino”, pontuou também.

Durante a visita de Temer, moradores de Monteiro também citaram Lula como responsável pela obra.

O peemedebista enfrentou um protesto e respondeu com ironia aos manifestantes.

Um grupo de senadores de oposição ao governo vai junto, de van, a Monteiro para o ato com Lula.

O organizador é o líder da bancada, Humberto Costa (PT-PE), que vai acompanhado de Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e José Pimentel (PT-CE), além da deputada federal Luciana Santos (PCdoB), dos ex-ministros Carlos Gabas e Miriam Belchior e de Elmano Freitas (PT), deputado estadual do Ceará.

Humberto em visita à Transposição em Sertânia (Foto: Divulgação) Humberto Costa saiu em defesa da paternidade da Transposição para Lula. “Além de água, a Transposição traz também para os sertanejos esperança de uma vida melhor e a certeza de que com força política se pode vencer a cultura da seca, que já maltratou tanto essa região.

Só alguém como Lula, um sertanejo que sentiu na pele esse problema e venceu todas as dificuldades até chegar à Presidência da República, poderia ter transformado este projeto, que não passava de uma ideia desde os tempos de Império, em realidade”, disse o petista.

Mais cedo, em entrevista à rádio local Monteiro FM, a vereadora do Recife Marília Arraes (PT) ainda afirmou que a inauguração por Temer foi uma farsa. “Foi uma apropriação indébita do governo golpista de Michel Temer de uma obra que foi do governo Lula, do governo Dilma.” » “Não quero a paternidade dessa obra.

Ninguém pode tê-la”, diz Temer sobre Transposição » Transposição chega à Paraíba, mas ainda falta muito em Pernambuco Com três visitas em três meses à Transposição - a Cabrobó (PE), Floresta (PE) e Monteiro (PB) -, Temer nega que queira a paternidade da obra - “Ninguém pode tê-la”, disse -, mas tem se aproximado do projeto para melhorar a popularidade no Nordeste.

Outro que tem adotado essa estratégia é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que cedeu bombas para o empreendimento através da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e foi a Sertânia, no Sertão pernambucana, participar de vistoria. » Armando Monteiro cobra ações complementares da Transposição » MPF quer saber vazão da água da Transposição na Paraíba No eixo leste, a água do São Francisco é captada em Floresta, no Sertão pernambucano, e vai até Sertânia, a primeira cidade beneficiada, onde a água abastece 35 mil pessoas.

De lá, vai para o açude de Poções, em Monteiro, atendendo 33 mil moradores.

Depois, a água seguirá pelo Rio Paraíba até o reservatório Boqueirão, para reforçar o abastecimento em Campina Grande e em cidades do entorno, onde a expectativa é de auxiliar 400 mil paraibanos.

Quando estiver pronta nos dois eixos, a Transposição deverá atender 12 milhões de nordestinos.

Com abertura da comporta do reservatório de Campos, água da Transposição pode abastecer Sertânia (Foto: Divulgação) A obra começou em 2007, no segundo mandato de Lula, com expectativa de ser concluída três anos depois.

Foram investidos até agora mais de R$ 8 bilhões.

Segundo o Instituto Lula, R$ 9,6 bilhões eram o orçamento inicial e até abril de 2016, pouco antes de Dilma Rousseff ser afastada, haviam sido executados R$ 7,95 bilhões.

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, 96,89% do eixo leste estão concluídos até agora.

Em maio, quando Temer assumiu a presidência ainda interinamente, antes da consolidação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), a obra estava com 84,4% de conclusão nesse trecho. » Temer inaugura Transposição, mas moradores de Monteiro agradecem a Lula » Quem estava no poder estudava, mas nada fazia, diz Lula sobre Transposição O mais problemático, porém, é o eixo norte, onde as obras estão paradas desde junho do ano passado em um dos trechos entre Cabrobó (PE) e Jati (PE).

Lá, 94,52% estão concluídas.

Porém, não há previsão prática para retomar a construção – embora o ministério espere assinar o contrato ainda este mês e Temer tenha prometido entregá-lo até o fim do ano.

Envolvida na Operação Lava Jato, a Mendes Júnior abandonou o canteiro alegando dificuldade de obter crédito e a licitação para escolher a nova empreiteira está em andamento.

Duas foram desabilitadas e a terceira foi aceita cobrando R$ 518 milhões para concluir o serviço.

Cabrobó foi a última cidade em Pernambuco visitada por Dilma Rousseff antes de ser afastada.