O secretário de Finanças da Conferência Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag), o pernambucano Aristides Veras, concorre nesta sexta-feira (17), a presidência da entidade.

Segundo a assessoria da Contag, Veras espera ser eleito pelos delegados para assumir o cargo entre 2017 a 2021.

Se eleito, o secretário assumirá a presidência no dia 1º de maio.

Apesar de sua participação política, Veras ficou conhecido quando incentivou trabalhadores rurais ocupar gabinetes e fazendas de parlamentares durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em abril do ano passado. “A bancada de bala no Congresso Nacional, vocês sabem que é forte, e a forma de enfrentar a bancada de bala contra o golpe é ocupar das propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo.

E a Contag e os movimentos sociais do campo é que vão fazer isso”, disse em discurso durante o evento.

LEIA TAMBÉM » Pernambucano da Contag que ameaçou invasão de terras, ao lado de Dilma no Palácio, vira alvo de CPI da Funai » Pernambucano da Contag foi chamado de bandido na CPI da Funai e correu risco de ser preso No dia 13 de abril do mesmo ano, o pedido de oitava com o secretário da Contag foi feito pela deputada Tereza Cristina (PSB-MS). “Diante dessas declarações, de incitação à violência e ao cometimento de crimes, essa Comissão Parlamentar de Inquérito possui o dever, regimental e moral, de intimá-lo para prestar esclarecimentos”, disse a deputada.

No entanto, Aristides Veras ganhou liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio na CPI e de ser assistido por seu advogado, Ivaneck Perez Alves.

Durante a ocasião da CPI, o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) afirmou, em tom elevado, que o secretário era “bandido financiado por Dilma”.

Já o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) questionou qual a renda do secretário da Contag advinda da sua propriedade agrícola.

Na época deputado, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) questionou por que Veras não respondeu nem mesmo as perguntas relativas à atuação da Contag e afirmou que o depoente responderia em juízo por tal postura.

O peemedebista também perguntou ao secretário da Contag se ele era filiado a algum partido político.

Aristides Veras continuou utilizando do direito concedido pelo STF, o silêncio.

Mas o clima ficou tenso durante a reunião da CPI quando o filho de Jair Bolsonoro (PSC-RJ) atacou o dirigente.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) chamou o Veras de covarde. “Ele não tem vergonha na cara”, disse.

O advogado do secretário da Contag protestou.

Agricultor rico O relator da CPI, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) afirmou que o secretário da Contag residia em um apartamento na Asa Sul.

Nilson Leitão questionou onde ele exercia a atividade de agricultura e disse que o padrão de vida do depoente era muito distinto dos trabalhadores que ele representava. » Contag diz que imóvel em Brasília pertence à entidade e não a dirigente sindical O parlamentar também questionou como foram pagas diversas viagens internacionais do secretário e perguntou se os trabalhadores que ele representa sabem que ele possui o carro Honda Civic no valor de R$ 60 mil.

Na época, a CPI mapeou a evolução patrimonial do agricultor.

Só o apartamento de Brasília estaria avaliado em R$ 2 milhões.

Veras ainda teria outro apartamento no Recife, Pernambuco. “Com filhos em escolas com mensalidade de R$ 2 mil”, concluiu.

Contag nega propriedade de Veras Por meio de sua assessoria de imprensa, a Contag informou que o diretor da Conferência reside em apartamento em Brasília que pertence a entidade e não a um de seus diretores. » Filho de Bolsonaro diz que pernambucano da Contag é covarde “O secretário de Finanças e Administração da Conferência Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, não é propriedade de imóvel em Brasília, localizada na Asa Sul.

Este referido imóvel pertence à Contag desde 1988 e está disponibilizado aos seus dirigentes durante os respectivos mandatos”, informou.

Sobre o dirigente pernambucano Aristides Veras dos Santos nasceu em Tabira, Sertão pernambucano. É graduado em Letras e concluiu o curso em 1995 pela Universidade de Formação de Professores de Afogados da Ingazeira (PE).

Iniciou sua militância política nos anos 80 nas Comunidades Eclesiais de Base e na Pastoral da Juventude da Igreja Católica.

Ajudou a criar o Partido dos Trabalhadores (PT), em 1987, e disputou a prefeitura em 1988.

Foi vereador pelo PT, exercendo dois mandatos, de 1997 a 2004; e vice-prefeito de Tabira, de 2004 a 2008.

No Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Aristides ingressou em 1985.

Em 1987, com apenas 23 anos, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Tabira.

Exerceu três mandatos na Presidência do Sindicato nos períodos de 1987 a 1990 e de 1995 a 2001.

Foi vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores - Cut de Pernambuco, no período de 1990 e 1995.

Em julho de 2002 foi eleito presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), numa eleição disputada em que a Fetape estava dividida entre duas chapas.