Durante depoimento dado no âmbito do processo instaurado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para julgar a campanha da chapa Dilma-Temer, na eleição de 2014, o ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio, na última sexta-feira (10), disse que a empreiteira distribuiu mais de R$ 35 milhões em dinheiro em propina e caixa dois para campanhas eleitorais.
Segundo a Folha de S.
Paulo, o delator não detalhou o dia nem o ano em que isso aconteceu e não identificou para quem foi o dinheiro.
Em depoimento feito em sigilo ao ministro Herman Benjamin, o ex-executivo disse que o montante foi entregue em dinheiro vivo, pulverizado para várias pessoas.
De acordo com informações obtidas pela Folha, ele contou a história desses pagamentos para mostrar a dimensão do fluxo de dinheiro que passava pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como uma espécie de “departamento de propina” da empreiteira.
Migliaccio era um dos responsáveis por operar as contas da empreiteira no exterior usadas para pagamentos de propina e caixa dois, tanto de políticos como de executivos que queriam receber bônus fora do país.
Além de ser peça-chave na fase Acarajé da Operação Lava Jato, no qual descobriu o setor de propinas do grupo baiano, ele também é apontado como dono de uma rede de empresas offshore espalhada por diversos países.
Os investigadores da Polícia Federal listam nos documentos da operação, pelo menos cinco empresas controladas por Migliaccio, abertas em locais como Ilhas Virgens Britânicas Antígua e Panamá e contas em três bancos da Suíça.
Entre os supostos a receber os pagamentos, estão réu já condenados, com os èx-executivos da Petrobras Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco.
Os investigadores desconfiam que ele tivesse uma atuação “informal” na empreiteira, embora os documentos o apontem como funcionário contratado desde 1998 –um dos cargos foi o de “diretor financeiro”.
Migliaccio chegou a ser preso na Suíça por conta da Lava Jato.
Após a prisão, fechou acordo de delação premiada separado dos outros 77 delatores da empreiteira.
Por conta disso, houve constrangimento quando ele se encontrou com os outros delatores durante o depoimento no TSE.