Citado na lista enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (14), após as delações premiadas de executivos da Odebrecht, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, divulgou uma nota afirmando que solicitou doações dentro da legislação eleitoral.

Cinco ministros, incluindo ele, estão na lista que pede a abertura de 83 inquéritos.

LEIA TAMBÉM » Lista de Janot cita cinco ministros e os presidentes da Câmara e Senado “De acordo com a legislação eleitoral, solicitei doações para diversas empresas, inclusive a Odebrecht, como já foi anteriormente noticiado.

O sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações.

Mantive uma relação institucional com todas essas empresas”, diz a nota de Bruno Araújo.

No STF, a decisão pela abertura de inquérito ou não caberá ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. » Retirada de sigilo de parte das revelações da Odebrecht depende de Fachin » Após lista de Janot, deputados cobram posição de Maia contra anistia ao caixa 2 Bruno Araújo foi entrevistado no programa Resenha Política no último dia 3 e falou sobre a Lava Jato.

O ministro foi citado na delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, que afirmou ter desenvolvido com o tucano uma “boa relação profissional e pessoal”.

O ministro reconheceu ter desenvolvido uma amizade com o delator e afirmou: “Ele se restringe a dizer de uma relação institucional que teve comigo”.

Dois dias depois de o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, afirmar em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Aécio Neves, teria lhe pedido R$ 15 milhões no final do primeiro turno da campanha eleitoral de 2014, Bruno Araújo afirmou que as consequências das delações da construtora devem ter duas repercussões: uma na Justiça e uma da avaliação dos eleitores. “Cada eleitor vai fazer uma leitura para cada caso específico”, prevê o ministro. » Odebrecht pagou R$ 35 milhões ilícitos em um só dia, afirma delator » Emílio Odebrecht diz que caixa dois sempre existiu na empresa No total, Rodrigo Janot enviou 320 pedidos ao STF com base nas delações premiadas de 78 executivos da Odebrecht.

São 83 pedidos de abertura de inquéritos, 211 declínios de competência para outras instâncias da Justiça, nos casos que envolvem pessoas sem prerrogativa de foro, 7 pedidos de arquivamentos e 19 outras providências.

Segundo a PGR, “não é possível divulgar detalhes sobre os termos de depoimentos, inquéritos e demais peças enviadas ao STF por estarem em segredo de Justiça.” Por isso, Rodrigo Janot, em seus pedidos, também solicitou ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, a retirada do sigilo desse material considerando a necessidade de promover transparência e garantir o interesse público.