Estadão Conteúdo - Em depoimento perante o juiz federal Sérgio Moro, o delator da Operação Lava Jato e executivo da Odebrecht Márcio Faria declarou que o codinome ‘Italiano’ em planilhas de propina da empreiteira se referia ao ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma).

Palocci nega ser o ‘Italiano’ O executivo prestou depoimento como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht.

A procuradora Laura Tessler, do Ministério Público Federal, no Paraná, quis saber de Márcio Faria quem era ‘italiano’.

LEIA TAMBÉM » Emílio Odebrecht diz que caixa dois sempre existiu na empresa » Moro põe em sigilo depoimento do patriarca da Odebrecht “A referência a pessoa de codinome ‘Italiano’, há em diversos desses e-mails, quem é essa pessoa que se refere esse codinome ‘Italiano’?

Se o sr tem conhecimento…”, perguntou a procuradora. “Sim sra, tenho conhecimento”, afirmou Márcio Faria. “Quem seria?”, questionou o Ministério Público Federal. “É o ex-ministro Palocci”, disse o delator. “Qual a relação estabelecida com o ex-ministro Palocci?”, perguntou Laura Tessler. “A relação com o ex-ministro Palocci não era de minha alçada, não era escopo meu.

Eu não tratava com o ministro Palocci”, disse Márcio Faria. “Quem tratava com o ministro Palocci?”, quis saber a procuradora “Marcelo Odebrecht”, afirmou taxativamente. “Eu não tinha demanda com o ex-ministro Palocci.” Os investigadores suspeitam que Palocci recebeu R$ 128 milhões da empreiteira e que parte desse dinheiro teria sido destinado ao PT.

Uma planilha do Departamento de Operações Estruturadas - setor da Odebrecht que teria a missão de pagar propinas a agentes políticos - traz o codinome “Italiano”. » Um ano após Paulo Câmara romper contrato com Odebrecht, Arena Pernambuco ainda não voltou para gestão privada Durante o depoimento, Márcio Faria voltou a dizer que Marcelo Odebrecht era quem “tratava” com Antonio Palocci. “As discussões com o ministro Palocci eram realizadas pelo Marcelo.

Eu nunca tive esse tipo de discussão com o ministro Palocci”, disse.

Petrobras Emílio Odebrecht e Márcio Faria prestaram depoimento por videoconferência na Justiça Federal, em São Paulo.

Ligados à cúpula da empreiteira, eles falaram em ação penal da Lava Jato em Curitiba na qual o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) é acusado de atuar para favorecer os interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas de exploração do pré-sal com a Petrobras.

Márcio Faria afirmou que foram pagas propinas aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços) e ao ex-gerente da estatal Pedro Barusco.

O delator, no entanto, declarou que não houve pagamento de vantagens indevidas sobre contrato do Estaleiro Paraguaçu. » Ex-diretor da Odebrecht diz a Moro que “italiano” era Palocci » Querem criminalizar a gestão pública, diz defesa de Palocci e Mantega “Foi um acordo que fizemos entre os acionistas, porque você tinha um investimento privado muito alto.

Você tinha depois até a possibilidade de uma empresa da Odebrecht participar como sócia de algumas unidades.

A gente tomou a decisão que a gente não pagaria propina nesse caso”, afirmou.

O juiz Sérgio Moro quis saber se outros acionistas não pagaram por conta própria.

O delator disse acreditar que não. “Que eu saiba, não.

Se pagaram, foi por conta e risco deles.” Moro questionou o “objetivo” do repasse de solicitações de Marcelo Odebrecht a Antonio Palocci. “Excelência, entendo eu que, pelo cargo que o ex-ministro Palocci ocupava, era o acompanhamento, inclusive, para ver o posicionamento do governo”, afirmou Márcio Faria.