Por Terezinha Nunes (PSDB) - Deputada Estadual Considerado o príncipe das empreiteiras brasileiras pela força que tinha na Odebrecht, a maior empresa do ramo, e por ser o herdeiro principal do seu pai Emílio, que fundou o conglomerado, o empresário Marcelo Odebrecht acabou puxando os comandantes dos governos petistas para o centro do embate em depoimento dado ontem ao TSE.

Não se sabe o teor do que disse ele aos procuradores da Lava Jato, peça ainda mantida em segredo de justiça e submetida a acordo de delação premiada, mas o que vazou até agora do que falou ao TSE demonstra que o empresário não deseja arcar sozinho ou sequer dividir com alguém a culpa principal pelo maior escândalo de corrupção já descoberto no Brasil e que espalhou seus tentáculos por parte da América Latina. “Eu não era dono do Governo.

Eu era o bobo da corte” – afirmou Marcelo, segundo relata a imprensa, explicando que chegou a ser enganado em acordos que fez mediante o pagamento de propina para campanhas eleitorais.

Se ele próprio, que esteve no centro da questão do desvio de pelo menos R$ 7 bilhões só de uma estatal, a Petrobrás, age desta forma é sinal de que pretende trazer para o centro do campo os verdadeiros donos dos governos a que se refere, ou seja, os ex-presidentes com os quais se encontrou e se entendeu todos esses anos.

Marcelo fala que os entendimentos com o Governo Federal começaram em 2008 ( governo Lula) na discussão sobre apoio às eleições municipais e se mantiveram até o final do governo Dilma.

Ao TSE não consta que o empresário tenha citado o ex-presidente Lula, até porque não deve ter sido perguntado uma vez que a discussão no TSE envolve apenas a reeleição de Dilma e do ex-presidente, na época, Michel Temer.

Sobre Temer relata a imprensa que o empresário o isentou de culpa.

Quanto à ex-presidente Dilma, ele não economizou nas palavras ao dizer que a mesma sabia da contribuição de R$ 150 milhões para sua campanha e dos pagamentos feitos, via caixa 2, ao marqueteiro João Santana.

Citou detalhes do encontro que teve com a presidente durante viagem ao México à qual teria lembrado que os pagamentos feitos a Santana no exterior estavam “contaminados” pois as offshores utilizadas por empresários do grupo serviam para o pagamento de propinas.

Embora tenha também no depoimento afirmado que seus contatos frequentes sobre os recursos para a campanha de 2014 eram feitos com Antonio Palocci e João Santana, a citação a Dilma foi basilar.

Calado durante muito tempo após sua prisão, Marcelo Odebrecht deixou claro agora que a delação premiada está sendo pra valer e, certamente, os depoimentos que deu à Lava Jato vêm no mesmo teor.

E neles o ex-presidente Lula deve estar no centro das atenções até porque ao falar ao TSE que era apenas um bobo da corte, tudo indica que Marcelo não vai preservar nenhum dos que comandavam a presidência na época em que se imaginava como um simples bobo.