O ex-ministro Tarso Genro prestou depoimento nesta quinta-feira (16) na 13ªVara Federal de Curitiba como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-ministro admitiu que o caixa 2 de campanha era uma prática recorrente em processos eleitorais e disse que tal prática deve ter ocorrido em todos os partidos.

No entanto, Genro disse que a prática de não contabilizar doações de campanha não ocorria por intenção de partidos ou candidatos, que não queriam ter seus nomes vinculado às campanhas.

Genro depôs, via videoconferência a partir de Porto Alegre, com testemunha de Lula que é réu em ação penal da Operação Lava Jato sob a acusação de ter recebido vantagens indevidas da construtora OAS, por contratos com a Petrobras, a partir da compra e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e do transporte e armazenamento de objetos que o presidente retirou do Palácio Alvorada ao fim de seu mandato.

LEIA TAMBÉM » Pesquisa: Lula lidera com 30,5% dos votos em eventual disputa em 2018 » Após STF garantir Moreira Franco, defesa de Lula pede ‘revisão de erro histórico’ O ex-ministro da Justiça foi questionado se tinha conhecimento de algum ato do ex-presidente que justificasse a acusação do Ministério Público Federal de que Lula construiu colchão de recursos ilícitos para abastecer campanhas do PT.

Genro disse que nenhum candidato em eleição majoritária participa das articulações para o financiamento da campanha, “até para não criar uma relação de compromisso com a empresa doadora”, e disse que se há irregularidade em arrecadação ou despesa ou, até, caixa 2, quem tem que ser responsabilizado é o tesoureiro da campanha. “O que se vê aqui no Brasil é que existe, em todos os partidos, um sistema de caixa 2, de não registro de contribuições, que normalmente são exigências de quem doa e não de quem recebe.

E essas irregularidades devem ter existido em campanhas eleitorais de todos os partidos”, afirmou.

A defesa do ex-presidente aproveitou o embate para questionar sobre as acusações do governo Lula no combate à corrupção.

Tarso citou que foi na sua gestão, no governo Lula, que se criou a Controladoria Geral da União, se instalou os laboratórios de lavagem de dinheiro em diversos estados do país e se fortaleceu e estruturou a Polícia Federal. “Na gestão do presidente Lula, instaurou-se dezenas de processos por corrupção como jamais havia sido feito na história do Brasil, e sempre com o aval e até incentivado pelo presidente Lula”, disse. » “Agora o candidato é Lula”, diz Dilma, negando volta a eleições » Dilma: se Lula se candidatar, vencerá eleições em 2018 Tarso Genro também aproveitou a oportunidade para defender Lula da acusação de ser o chefe do esquema criminoso que se instalou na Petrobras. “Nenhum presidente, seja ele quem for, mesmo que tenha algum tipo de tendência e ímpeto da violação da legalidade, vai comandar um esquema desse tipo.

Mesmo porque o presidente não se relaciona diretamente com as bases intermediárias da administração pública e não se relaciona com o circuito através do qual se realizam, eventualmente, atividades desse tipo.

O presidente se relaciona com seus funcionários próximos, de gabinete, e seus ministros”, disse. “E nenhum presidente que tenho conhecimento, teve o desplante, a ousadia de estabelecer, por sua conta e por sua orientação, um esquema de orientação criminosa desse tipo.

O presidente Lula, eu tenho certeza que não fez isso por honra e convicção.

Se algum outro quis fazer, não o fez por impossibilidade política ou material”, concluiu.