Fazer um trabalho de inteligência contra grupos de extermínio e milícias será o foco da Polícia Civil de Pernambuco para tentar melhorar os índices do Pacto pela Vida, buscando reverter o cenário de aumento do número de homicídios registrados nos últimos três anos.
Foi o que afirmou o secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, nesta sexta-feira (17), ao justificar a exoneração do chefe da Polícia Civil, Antônio Barros, do cargo.
No lugar dele fica o delegado Joselito Amaral, que terá a nomeação registrada no Diário Oficial deste sábado (18). “Buscamos uma investigação mais qualificada”, disse o secretário.
LEIA TAMBÉM » Após troca de comandos, secretário defende respostas “duras” a movimentos de PMs Usando a diplomacia, Gioia agredeceu a Antônio Barros pelo tempo em que esteve no cargo, mas afirmou: “O tempo em que o doutor Antônio Barros esteve à frente da chefia de Polícia Civil você percebe que há uma coincidência.
Então, nós buscamos uma forma de enfrentamento aos CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais, que incluem os assassinatos) diferenciada, com um novo chefe que agrega uma expertise na área de repressão de investigação e repressão a homicídios”. “Quando falamos em grupos de extermínio, precisamos de investigações com qualidade, dentro da boa técnica.
Normalmente se alcança homicidas com investigações e com medidas restritivas.
Por isso, precisamos de investigações com boa qualidade”, argumentou o secretário.
Ele revelou que há áreas em que os crimes podem ter a participação de agentes públicos, mas preferiu não comentar investigações sobre isso. » Chefe da Polícia Civil e comandante da PM são exonerados » Paulo Câmara aumenta valor da jornada extra paga aos PMs e policiais civis, às vésperas do carnaval » Paulo Câmara sanciona aumento dos policiais militares, na presença dos comandos da PM e do BM, sem associações e políticos Gioia ainda minimizou a troca na chefia, alegando que seria um processo normal dentro do Pacto pela Vida e já programado pela secretaria. “Antônio Barros cumpriu dois anos à frente da Polícia Civil, que é um tempo bastante razoável, confortável para o cargo”, disse.
Além do delegado, também houve mudanças no comando da Polícia Militar.
Porém, na corporação, em vez de exonerado por determinação do secretário, Carlos D’Albuquerque pediu para deixar o cargo por motivos pessoais, segundo a Secretaria de Defesa Social enfatizou em nota.
O secretário aproveitou a entrevista para enfatizar que, apesar da piora no cenário nas quatro modalidades de crimes medidas pela pasta, considera que houve alguns avanços. “Nos roubos e furtos a ônibus caminhamos bem com 10 equipes investigando esses crimes e com a Polícia Militar”, disse, embora a sensação de insegurança no transporte coletivo seja constante na população. » Procuradoria de Pernambuco pede ao STF inconstitucionalidade de lei que anistia PMs » Por 32 votos, reajuste da PM é aprovado em segunda votação na Alepe » “Não vai ter Galo”, gritam PMs fora da Assembleia, mesmo com reajuste aprovado Gioia frisou também que a segurança não é feita apenas por policiais e argumentou citando a manifestação de PMs no Espírito Santo, que gerou uma onda de violência e saques ao comércio. “As pessoas buscam oportunidades para cometer crimes?
Que tipo de sociedade estamos criando?”, questionou.
E acrescentou: “Evidente que isso também deve servir para a reflexão de cada um de nós, porque a segurança não é um problema apenas da polícia.
Quando nos pensamos em mais de 4 mil mortes em um ano, mais de 250 mortes em um mês, um número elevado de estupro, de violência contra a mulher, crimes contra o patrimônio, a gente precisa pensar verdadeiramente em que sociedade estamos vivendo.
Em rigor, aqui e em outros estados se mata por nada ou por muito pouco, como se houvesse justificativa para a morte.
Aqui se bate na esposa, na namorada, na filha, se mata a companheira por suposta traição, porque olhou pro lado, por causa de um copo de cerveja.
Nós lidamos todos os dias com essa grande chaga, que é uma chaga social.”