A Unida retomará a defesa do pagamento da subvenção federal para o setor.
Com a crise econômica, a União ainda não pagou esse subsídio já sancionado desde 2014.
Além de cobrar ações emergências, como é a subvenção, o setor também se reunirá em Brasília na próxima semana para defender junto ao governo federal um projeto de irrigação através de pequenas barragens para reter e aproveitar no período de seca a água da quadra chuvosa na região - comum entre março a junho.
Sem a barragem, esta água escorre para o rio e vai para o mar sem utilização. “A seca também tem prejudicado significativamente a produção de cana nos estados de Alagoas e Sergipe.
Em SE, ha relatos até de usinas comprando água de carro pipa para findar a moagem da safra 2016/17”, informa Alexandra Andrade Lima, presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida). “O caos assola grande faixa territorial que se inicia na cidade de Nazaré da Mata em direção à Mata Sul e que continua em Alagoas e Sergipe.
Em Pernambuco, o sumiço dos canaviais dá lugar a áreas parecidas com desertos, já bem perceptíveis entre as cidades de Tracunhaém e Nazaré - região considerada o epicentro da seca pela Associação dos Fornecedores de Cana de PE (AFCP)”, diz a entidade.
Em Carpina, por exemplo, tem chovido bem abaixo da média desde junho de 2016.
Choveu 208% a menos que o previsto para o período entre junho e dezembro.
Situação bem similar em outras várias cidades.
Com isso, a nova safra será afetada significativamente, prejudicando uma das principais cadeias produtivas do PIB do Estado.
Mesmo chovendo regular a partir de agora, já prevê-se grande déficit de 30% em comparação a safra atual (11,5 milhões de toneladas de cana). “O cenário é desolador.
Vastos hectares sem nada brotar e outros com pequenos pés de cana morrendo”.
Nos locais do epicentro da estiagem, a AFCP prevê um prejuízo mais drástico, porque mesmo que a chuva chegue, já houve grande mortandade dos brotos da cana nesses últimos meses - período em que a planta mais precisava de água para crescer.
A previsão é de uma perda de até 70% em relação a produção anterior.
No engenho Quatis do produtor Felipe Neli, em Lagoa de Itaenga, por exemplo, só deve atingir 30% do montante produzido na safra 2016/17.
Até os canaviais da Zona da Mata Sul, que tradicionalmente chove mais, têm convivido com a morte de socaria (broto da cana) devido a seca que também provocará impacto sobre a nova produção.
A morte da socaria não é comum na região.
Ela só ocorre quando o déficit hídrico é elevado e continuado, como tem sido verificado desde junho de 2016.
Diversas as propriedades da região já penam com a situação, como observado no engenho Boa Sorte em Xexéu, do produtor rural Frederico Pessoa de Queiroz.
O dirigente conta que a situação é menos drástica no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
E em uma pequena faixa em Pernambuco, situada a partir da cidade de Ferreiros em direção a PB.
Todavia, a previsão do déficit da nova safra nordestina é elevada.
A estimativa já é de um prejuízo de 20% em comparação à safra anterior.
O dirigente aproveita o cenário para criticar os órgãos de meteorologia diante do que ele considera alto nível de contradições e erros entre suas previsões nos últimos tempos. “Ora falavam no fim do El Niño e chegada da Lá Niña - cenário que traria chuva para a região NE; depois, com a seca já intensificada na vida real, mudam as previsões e falam em seca ainda mais severa.
Até da volta do El Niño”, critica esses prognósticos climáticas que em nada ajuda o planejamento agrícola no Nordeste.