Sem alarde, continuam as movimentações de bastidores visando acomodar aliados da Frente Popular no governo Paulo Câmara (PSB).

Após uma leva de nomeações do PMDB, em janeiro, seguiram-se nomeações de nomes do PSB, especialmente derrotados nas eleições municipais de 2016, como o ex-prefeito Yves Ribeiro (PSB), como o Blog revelou nesta segunda (6).

Passada a vez do PMDB e do PSB, os dois mais importantes partidos da Frente Popular, o PCdoB pleiteia um “lugar ao sol” para a figura mais importante do partido em Pernambuco que está sem mandato ou cargo, o ex-prefeito de Olinda, Renildo Calheiros.

Renildo, fala-se nos bastidores, pleiteia um cargo de secretário estadual, supostamente por questões jurídicas, segundo já publicado em colunas de política de jornais locais.

O cargo garante ao seu ocupante foro privilegiado, ou seja, a pessoa só pode ser investigada ou processada em um tribunal de segunda instância.

Como o PCdoB não tem voto e estrutura para pleitear duas secretarias, Renildo, em sintonia com a presidente nacional do partido, Luciana Santos, estaria disposto a “despejar” o correligionário Marcelino Granja da secretaria estadual de Cultura.

Não se tem conhecimento de experiência prévia de Renildo na área cultural, além de ter sido prefeito de Olinda.

Ao contrário de Granja, que reconhecidamente tem grande inserção no setor.

Segundo fontes palacianas, Renildo estaria querendo que a nomeação saia logo após o carnaval.

Um obstáculo, no entanto, está causando embaraço no pleito dos comunistas.

O fato de Renildo já ser réu em ação de improbidade administrativa.

Em processo que tramita na Primeira Vara da Fazenda Pública da Comarca de Olinda, Renildo responde como réu por alegadas irregularidades na previdência municipal de Olinda.

Em decisão que tornou Renildo réu por improbidade, a juíza Luciana Maranhão escreveu que “exige-se a apuração de condutas meramente irregulares”.

A ação foi proposta pelo Ministério Público do Estado (MPPE), com base em irregularidades constatadas em auditorias do TCE sobre a época de Renildo a frente de Olinda.

Segundo a juíza, a ação versa sobre “supostos fatos lesivos ao patrimônio público e aos princípios constitucionais”.

O MPPE pede contra Renildo penas como “ressarcimento integral do dano ao patrimônio público, pagamento de multa civil, suspensão dos direito políticos, perda da função pública, proibição de contratação com o poder público”.

De acordo com agentes do Estado, além do “ônus de imagem” em trazer uma pessoa que já é ré para seu secretariado, Paulo Câmara pode ser obrigado a exonerar Renildo caso o processo tenha andamento, pois Eduardo Campos editou lei complementar, ainda em 2007, proibindo implicados em improbidade de ocupar cargos de secretário ou presidente de estatal.

Outra preocupação é que o desenvolvimento da investigação alcance Renildo enquanto ele estiver no secretariado de Paulo Câmara, trazendo para o Governo do Estado um problema que deveria ser apenas local, relativo a Olinda e ao PCdoB.

Segundo informações de bastidores, a questão está sendo alvo de “fogo-amigo”, dentro do próprio PCdoB.